Pastor russo é condenado a 4 anos em campo de trabalho forçado por sermão anti-guerra

Nikolay Romanyuk, líder da Igreja Pentecostal da Santíssima Trindade, foi falsamente acusado de atrapalhar o trabalho de alistamento militar, na Rússia.

Fonte: Guiame, com informações de Evangelical Focus e Forum 18Atualizado: quarta-feira, 10 de setembro de 2025 às 18:31
Nikolay Romanyuk pregando em sua igreja. (Foto: Reprodução/YouTube/ПУТЬ КО СПАСЕНИЮ Boynetskiy).
Nikolay Romanyuk pregando em sua igreja. (Foto: Reprodução/YouTube/ПУТЬ КО СПАСЕНИЮ Boynetskiy).

Um pastor foi condenado à prisão em um campo de trabalhos forçados por pregar um sermão “anti-guerra” em sua igreja, na Rússia.

Segundo o Forum 18, organização que defende a liberdade religiosa, Nikolay Romanyuk foi acusado falsamente de convocar pessoas a atrapalhar o trabalho de alistamento militar, durante uma pregação na Igreja Pentecostal da Santíssima Trindade em setembro de 2022.

No sermão, que foi transmitido ao vivo na internet, o pastor Romanyuk criticou a invasão na Ucrânia e afirmou que "não é nossa guerra".

"Estava escrito em nossa doutrina que somos pacifistas e não podemos participar disso. É nosso direito professá-lo com base na Sagrada Escritura. Não abençoamos aqueles que vão lá [para a guerra]. [Aqueles] que são levados à força, não os abençoamos, mas oramos para que sejam resgatados de lá. Existem diferentes maneiras legais de fazer isso”, disse ele.

No dia 2 de setembro, em seu discurso final durante o julgamento, o pastor de 63 anos disse: "Sim, eu dei um sermão no qual toquei no assassinato militar. Não me retrato do que disse. Eu expus minha visão pessoal em relação a tirar uma vida humana. Esta é a minha atitude pessoal como clérigo. Eu não retiro meu sermão".

Nikolay se recusou a se declarar culpado, observando que nunca pediu qualquer interferência ou interrupção no trabalho dos escritórios de alistamento e que, nos três anos desde que ministrou o sermão, ninguém de sua igreja evitou o serviço militar ou obstruiu as operações do exército.

Testemunhas que estavam presentes no culto, dois membros da igreja, um tenente-coronel do exército e um funcionário do Ministério de Situações de Emergência confirmaram no tribunal que o pastor nunca disse que deveriam deixar o serviço militar.

Em 3 de setembro, o Tribunal da Cidade de Balashikha condenou Nikolay Romanyuk a 4 anos de prisão em um campo de trabalhos forçados. O líder também recebeu uma proibição de 3 anos de administrar sites após sua libertação.

Ele se tornou a primeira pessoa a ser condenada por "apelos públicos para implementar atividades dirigidas contra a segurança da Federação Russa, ou para obstruir o exercício por órgãos governamentais e seus funcionários de seus poderes para garantir a segurança da Federação Russa" ao criticar a guerra da Rússia contra a Ucrânia através de uma visão religiosa.

Condenação injusta

Atualmente, o pastor está no centro de detenção preventiva em Noginsk, onde já havia passado mais de dez meses desde sua prisão em outubro de 2024.

"A pena de prisão de Romanyuk é injustificadamente cruel e injusta", afirmou o advogado Anatoly Pchelintsev, que representou uma testemunha de defesa no caso.

A filha do pastor Romanyuk, Svetlana Zhukova, condenou a decisão do tribunal, afirmando que "o caso é completamente fabricado, motivado pelo ódio pessoal de alguém. Papai foi condenado por sua opinião, sua posição. Não há crime. Nem uma única pessoa sofreu com suas ações. O Estado não sofreu nada".

Agora, Nicolay pretende apelar ao Tribunal Regional de Moscou. "Todos entendemos perfeitamente que não haverá mudanças fundamentais", lamentou sua filha.

De acordo com o Forum 18, os tribunais russos já condenaram à prisão quatro pessoas e multaram três por acusações criminais por "se oporem à guerra da Rússia contra a Ucrânia por motivos religiosos".

Além disso, o governo de Putin intensificou a censura na internet, bloqueando sites religiosos que se opõem à Guerra na Ucrânia, sites ucranianos religiosos e sites de organizações que denunciam casos de violações à liberdade religiosa, por “conteúdos extremistas”.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

Fé para o Impossível

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições