O presidente da Turquia rejeitou em voz alta a ameaça da sanção de Donald Trump sobre o fato do país manter preso o pastor americano Andrew Brunson. Erdoğan disse que não vai libertar o cristão, mesmo diante das ameaças que o Trump apresentou contra o aliado da Otan, caso não liberte Brunson.
"Eles não podem fazer a Turquia recuar com sanções", disse o presidente turco à mídia local. "Nós não vamos voltar atrás. Os EUA não devem esquecer que a menos que mude sua atitude, perderão um parceiro forte e sincero como a Turquia", continuou ele.
Líderes evangélicos estão apoiando o posicionamento de Donald Trump sobre as sanções contra a Turquia. Eles estão pedindo aos cristãos que não viajem para o país, dizendo que é inseguro para todos, pois não foi seguro para o pastor Andrew Brunson, que ficou preso por quase 21 meses sob falsas acusações de terrorismo e espionagem. Agora ele está em prisão domiciliar.
O My Faith Votes, uma organização cristã, está "incentivando seus amigos e apoiadores a boicotar as viagens à Turquia até o Pastor Andrew Brunson ser libertado", diz o grupo em sua página no Facebook.
"Esperamos que os pastores de todo o país se juntem a nós para incentivar as suas congregações a boicotar a Turquia. Agora é a hora de se solidarizar com este cidadão americano que foi injustamente tratado pelo governo turco".
"Se a Turquia não é segura para Brunson, não é segura para nós", disse um dos conselheiros evangélicos informais do presidente Donald Trump, Johnnie Moore, em um comunicado, dias depois que Brunson foi colocado sob prisão domiciliar e libertado da prisão.
Falsa alegação
O governo turco alega que Brunson está ligado ao movimento islâmico Gulen e o acusou de estar envolvido em uma tentativa de golpe contra o governo em julho de 2016. Brunson também é acusado de envolvimento com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão.
Brunson, nativo da Carolina do Norte (EUA) que liderou uma pequena congregação em Izmir nas últimas duas décadas, negou todas as acusações. Defensores dos direitos acreditam que o pastor foi preso em uma tentativa de forçar o governo dos EUA a extraditar o clérigo islâmico Fethullah Gülen, que reside na Pensilvânia.
Na quinta-feira, o vice-presidente Mike Pence disse: "Se a Turquia não tomar medidas imediatas para libertar este inocente homem de fé e mandá-lo para casa, os Estados Unidos imporão sanções significativas à Turquia até que o pastor Andrew Brunson seja livre".
O presidente Trump também twittou: "Os Estados Unidos imporão grandes sanções à Turquia pelo longo tempo de detenção do Pastor Andrew Brunson, um grande cristão, homem de família e um ser humano maravilhoso. Ele está sofrendo muito. Esse inocente homem de fé deve ser libertado imediatamente".
Moore explica por que tal ação é necessária. "A ameaça de sancionar a Turquia envia uma mensagem clara a essa nação e a todas as nações do mundo, que quando se trata de liberdade religiosa, para os Estados Unidos isso significa negócios", disse ele.
O presidente do Conselho de Pesquisa da Família, Tony Perkins, que também é membro da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA, chamou-a de "mensagem clara e inequívoca aos tiranos na Turquia".
Apelo
De acordo com o Daily Sabah, a nova ordem para a prisão domiciliar de Brunson veio depois de um apelo do pastor e seu advogado por causa de sua saúde precária.
A família de Brunson e os funcionários dos EUA que o visitaram na prisão expressaram preocupação com o fato de que Brunson perdeu muito peso e está sofrendo de ansiedade e depressão.
Brunson foi preso em outubro de 2016 por falsas acusações de espionagem e terrorismo. Um documento do tribunal turco apresentado pela promotoria alega que as igrejas nos Estados Unidos estão de alguma forma conectadas em uma conspiração para que possam ir a outros países e derrubar governos, e que essas igrejas também coletam dados da inteligência local.
Com base no depoimento de uma testemunha secreta que não foi revelada, Brunson foi acusado de obter documentos secretos relacionados à espionagem e derrubar o governo. "Quero que toda a verdade seja revelada. Rejeito todas as acusações. Não me envolvi em nenhuma atividade ilegal", disse Brunson em abril. "Eu não fiz nada contra a Turquia. Pelo contrário, eu amo a Turquia. Tenho orado por este país há 25 anos".