Reconhecido por seu bom humor, inclusive durante as ministrações da Palavra de Deus, Cláudio Duarte tornou-se um pastor cujo foco principal de seu ministério é a família. Em entrevista exclusiva ao Guiame, ele conta sobre sua visão espiritual do Brasil em relação aos demais países.
Casado com Mary Duarte, o casal participou do Kingdom Movement 2019, realizado na Igreja Apostólica Restaurando as Nações (IARN), em Kamisato, no Japão.
Criador do Projeto Recomeçar, em Xerém (RJ), o pastor comenta sobre o testemunho da esposa Mary Duarte, que ficou durante 27 anos foi afligida por questões existenciais, mas que hoje exerce seu ministério ao lado do marido. Ele esclarece fake news relacionadas ao seu nome e ministério e diz que vê de forma positiva comunidades brasileiras se formando ao redor do mundo. “Mas ainda é tímido”, avaliou.
Portal Guiame: Qual o papel do Brasil em relação a outros países no despertamento espiritual destes dias?
Cláudio: Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem vivido um crescimento muito grande do Evangelho, ainda que, de certa forma, há uma dissolução muito grande. Eu acho que, em muitas situações, ele ficou um pouco ralo, descomprometido, estabeleceu um modismo — é lógico que estou falando de uma coisa muito pontual, mas existente.
Guiame: Você acredita que esse despertamento em nosso país atinge outros?
Cláudio: Esse movimento no Brasil despertou não só estrangeiros para ministrarem para nós, como também nos deu a oportunidade de sairmos daqui. A crise econômica no Brasil também fez com que comunidades inteiras se formassem ao redor do mundo em busca de mais recursos, de uma vida mais estável, de futuro para sua família.
Guiame: O que você acha disso?
Cláudio: Eu vejo isso de uma forma muito positiva, ainda que de uma forma muito tímida. Eu acho que estamos ainda no início desse processo, mas vejo isso de uma forma crescente.
Guiame: Um casal unido tem condição de enfrentar todas as adversidades da vida?
Cláudio: Segundo a Bíblia, tem. Quando o próprio Deus fala sobre a Torre de Babel, Ele diz: Nós precisamos ir até lá, porque esse povo tem um só coração. Quando se tem um coração só, tudo é possível. Quando fala do casal, a Bíblia diz: Se dois estiverem em acordo, não há nada que possa impedi-los. Andarão os dois juntos se não estiverem em acordo? Um casamento sem acordo fica difícil. Acordo é o pensamento comum de duas ou mais pessoas diferentes. Eu vejo que a união pode nos dar condições de vencer todas as adversidades.
Guiame: Sua esposa, a pastora Mary Duarte, deu seu testemunho de vida ao Guiame e disse que o homem deve prestar atenção e ter paciência com a mulher nas fases de dificuldade. Foi um momento difícil para você?
Cláudio: Não foi muito difícil por causa do sentimento. Quando Jacó trabalha para casar com Raquel, ele trabalha sete anos, mas a Bíblia diz que ele não vê o tempo passar por causa do sentimento que nutria por ela. Comigo também. Meu amor é tão grande por minha esposa, e sempre foi tão grande, que passou muito rápido. Continuar convivendo com ela, apesar das crises existenciais que ela enfrentou até encontrar seu caminho, não foi doloroso. Eu estava vivendo com dor e analgésico ao mesmo tempo.
Pr. Cláudio Duarte fala sobre sua vida ministerial e conjugal durante conferência Kingdom Movement, no Japão. (Foto: Guiame/Marcos Corrêa)
Guiame: Vê-la testemunhando há 4 anos sobre restauração também enobrece o seu papel.
Cláudio: É muito gratificante ver isso, até porque eu sei o que ela vai falar, ela não vai mentir. Eu sei o que eu vivo. Se ela apresentasse um Cláudio que eu não sou, seria só uma questão de tempo, as pessoas iriam descobrir. Então é muito gostoso ver a minha esposa falar a meu respeito algo que simplesmente eu sou. Ela não precisa acrescentar nada. É muito gratificante poder viver isso hoje, porque não sabemos o dia de amanhã. É muito importante entendermos isso, que o momento é muito importante. Até aqui nos ajudou o Senhor. Ficamos firmes, fomos fiéis, então tenho muito cuidado porque já vi gente achar que seria para sempre desse jeito, e lá na frente acabaram não dando conta. Eu só posso garantir o que passou e o hoje, o amanhã eu preciso ainda lutar para continuar sendo quem eu sou.
Guiame: Qual é a palavra que você teria para um casal que está passando por dificuldades?
Cláudio: Eu acho que é procurar ajuda. Como eu estava recebendo o ministério de Deus, eu acabei sendo a minha própria ajuda. Eu tive que me treinar e aprender com minha própria convivência. Mas hoje, com tantos cursos, tantas coisas sendo oferecidas, as pessoas têm muito o que aprender.
Guiame: Pode dar um exemplo?
Cláudio: Vou dar um exemplo bíblico: Isaque não poderia tomar uma decisão tão séria quanto ungir seu primogênito tarde demais. Por que ele não passou o que deveria passar para Esaú enquanto enxergava? Por que ele precisou ficar cego? Tem muita gente que cria problemas porque tomam decisões que são muito importantes tarde demais, e acabam criando crises. Se o casal conseguir tomar a decisão a tempo e não mascarar a situação… É como uma doença, que quando é descoberta no início fica mais fácil de resolver.
Guiame: Existem muitas fake news a seu respeito, inclusive materiais que são vendidos com base nisso. Qual seria o caminho mais correto para alguém que queira entrar em contato com seu ministério?
Cláudio: O caminho mais correto seria a igreja. Eu tenho uma igreja em Xerém, uma secretária da igreja, um telefone que é fácil de conseguir no site. É fácil conseguir falar comigo. Algumas coisas que são muito importantes entender: eu faço trabalhos corporativos em empresas, em estilo stand up, ministrando palestras. Esses dois trabalhos são cobrados. Os empresários que me convidam pagam por minha palestra. Agora, quando o assunto é igreja, eu não cobro para estar em uma igreja. Isso não significa que eu não receba nada, porque a igreja entende que é uma questão de honra ofertar ao palestrante. Talvez eu não precise. Mas eu entendi que quando você faz alguma coisa para alguém que não precisa, tem muito mais valor. Então eu também não posso ser hipócrita e dizer que a igreja não me dá nada. A igreja local não me dá nada, sou pastor de uma igreja onde sou voluntário.
Guiame: Como você vê estas questões?
Cláudio: Tem que ter muito cuidado. O que acontece muito é que hoje algumas igrejas têm um propósito financeiro — quer trocar o som, dar um upgrade no ar-condicionado. Então elas me levam, cobram uma inscrição e o dinheiro é canalizado para essa função. Mas nem sempre o pastor explica e nem mesmo eu sei. Posteriormente é que eu vou saber. Mas isso dá margem para estelionatários irem para a rede social e eu não tenho como ficar combatendo, porque fazem isso o tempo inteiro.
Guiame: Você toma alguma providência diante de fake news envolvendo o seu nome e ministério?
Cláudio: O nosso sistema de segurança, no que diz respeito à rede social, é muito falho. Para tirar um vídeo, eu tenho que entrar com um processo, ir numa delegacia de crimes, me expor para as pessoas. É um negócio tão complicado que eu prefiro ficar quietinho. Mas eu aprendi que a maioria das pessoas que são enganadas, querem ser enganadas. Alguém diz para ela: “O pastor vai aí por três mil reais”. Ela acha que três mil reais é pouco, paga por isso e não quer saber de nada. E quando ela não consegue falar mais com o estelionatário, ela busca falar comigo, porque ele não tem local fixo. Eu sofro com isso, mas, infelizmente, eu tenho que conviver com essa situação. Hoje eu tenho que provar apenas que não fui eu, foi um estelionatário. Hoje, como pastor de igreja, eu saio muito menos. As pessoas que quiserem me ouvir, podem ir a Xerém.
Guiame: Em sua ministração no Japão, você falou sobre o sorriso japonês. O que você quis dizer com isso?
Cláudio: Eu vi no sorriso japonês uma estética muito grande. Uma coisa que não costuma ir além da face. Eles aprenderam a sorrir em todos os momentos e isso é muito ruim, porque o sorriso, às vezes, vai estar no rosto de alguém que deveria estar chorando. A Bíblia diz que há tempo de chorar, mas me parece que aqui, devido a uma cultura de honra, eu tenho que parecer alegre. Então eu fiz o paralelo do sorriso estético que o japonês traz em seu rosto. Foi só uma brincadeira.
A conferência Kingdom Movement contou com a ministração dos pastores brasileiros Claudio Duarte e Luciano Subirá, com suas esposas Mary Duarte e Kelly Subirá.
Também esteve presente o pastor Elias Marcelo Caetano, diretor da Missão Mãos Estendidas (MME), que tem mais de 350 igrejas e centros infantis espalhados pela África. A organização missionária está presente no Japão através de seus representantes no país, Bruno e Naliane Hamamoto (+81 70 4027 3880).