O grupo terrorista Boko Haram forçou pelo menos 135 crianças a realizarem atentados suicidas no norte da Nigéria e Camarões em 2017. Os dados são alarmantes, já que o número é quase cinco vezes maior que o de 2016, de acordo com um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância.
As partes em conflitos estão "descaradamente desconsiderando" as leis internacionais que protegem as crianças, pois "as crianças estão sendo expostas a ataques e violência brutal em suas casas, escolas e playgrounds", disse Manuel Fontaine, diretor do Programa de Emergência da UNICEF, em um comunicado, mencionando o número de crianças que foram forçadas a atuar como 'garotos-bomba' em atentados terroristas.
"Em conflitos de todo o mundo, as crianças se tornaram alvos da linha de frente, usadas como escudos humanos, assassinadas, mutiladas e recrutadas para lutar. O estupro, o casamento forçado, o sequestro e a escravidão tornaram-se táticas padrão em conflitos do Iraque, Síria e Iêmen para a Nigéria, Sudão do Sul e Mianmar", disse a agência da ONU.
Na Nigéria, os julgamentos em massa de mais de 6.600 suspeitos que se acredita serem membros do Boko Haram começaram em outubro em uma instalação militar na cidade de Kainji.
Cerca de 20 mil pessoas foram mortas na insurgência do Boko Haram no norte da Nigéria, que começou em 2009. O grupo terrorista matou cristãos, muçulmanos, crianças e muitos outros civis em sua guerra contra o governo, com uma missão orientada a erradicar o cristianismo o país.
Os grupos cristãos há muito pediram que os membros de Boko Haram fossem levados à justiça.
Laolu Akande, então diretor executivo da Associação Cristã de Nigerianos, disse ao The Christian Post após o sequestro das mais de 200 meninas de Chibok em 2014: "O Boko Haram está sequestrando garotas que são cristãs, tentando transformá-las em escsravas sexuais, fornçando-as a se converter ao islamismo. Sua estratégia é que os terroristas se casem com as meninas e matem os homens das tribos onde são capturadas. Então, o que eles fizeram ao sequestrar essas estudantes, é outra demonstração da impunidade com a qual Boko Haram tem dirigido suas atividades terroristas".
"Estamos totalmente desconcertados pelo fato de o governo federal da Nigéria continuar a mostrar-se totalmente incompetente para levar essas pessoas à justiça e para travar essas atividades perniciosas e desprezíveis", acrescentou.
Em agosto, o UNICEF alertou que há uma grande crise de deslocamento e desnutrição no nordeste, onde a maioria dos ataques do Boko Haram estão ocorrendo.
"A Nigéria é um dos quatro países que enfrentam o espectro da fome, com até 450 mil crianças em risco de desnutrição aguda este ano", disse a agência.
"Na Somália, 1.740 casos de recrutamento infantil foram relatados nos primeiros 10 meses de 2017", disse o UNICEF.
O relatório também revelou que a violência forçou 850.000 crianças a fugirem de suas casas, enquanto mais de 200 centros de saúde e 400 escolas foram atacadas na região do Kasai na República Democrática do Congo em 2017.