A Colômbia acaba de empossar um governo de esquerda, após algumas décadas em que o comando central foi dirigido por presidentes alinhados à direita, com Iván Duque encerrando esse ciclo.
Novo presidente do país, Gustavo Petro tomou posse no sábado (07) em uma cerimônia a céu aberto, na presença de milhares de pessoas que lotaram a Plaza de Bolívar em Bogotá.
Petro recebeu a faixa presidencial pela senadora María José Pizarro, filha do líder assassinado do M-19, Carlos Pizarro. Petro fez parte desse grupo guerrilheiro em sua juventude.
Em seu primeiro discurso, que durou 56 minutos, Petro propôs acabar com a fracassada "guerra às drogas" e passar para uma "política de forte prevenção ao consumo" nos países desenvolvidos.
"É hora de uma nova convenção internacional que aceite que a guerra às drogas falhou", declarou o líder esquerdista do país com a maior produção mundial de cocaína.
Ex-senador e ex-guerrilheiro, Petro de 62 anos esboçou mudanças profundas para o país de 50 milhões de habitantes, resumindo o roteiro de como será seu governo.
Assolado pela desigualdade, defasagens econômicas da pandemia e uma violência cíclica de mais de 60 anos, o novo governo do país sul-americano enfrentará imensos desafios.
Com Petro, a Colômbia entra pela primeira vez na órbita da esquerda na região, que poderá se consolidar caso Lula vença no Brasil.
Guerrilhas
Petro prometeu “alcançar a paz verdadeira e definitiva” em seus quatro anos de mandato. Para isso, afirmou que cumprirá o acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha que assinou a paz em 2016 para se tornar um partido político, e ofereceu aos grupos que permanecem armados benefícios jurídicos caso renunciem à violência.
“Convocamos (…) a todos os armados a depor suas armas nas nebulosas do passado. A aceitar benefícios jurídicos em troca da paz”, disse.
O presidente, no entanto, não especificou se sua oferta implica em redução de penas ou sanções alternativas à prisão, como as acordadas com as dissolvidas Farc.
Depois de se comprometer a “cumprir fielmente a Constituição e as leis da Colômbia”, ordenou que a espada do herói da independência Simón Bolívar fosse trazida da sede presidencial.
Seu antecessor Iván Duque se recusou a cedê-la para a cerimônia de posse. A espada foi o símbolo fundador do M-19, a guerrilha da qual Petro foi membro até sua desmobilização em 1990 e que foi roubada por essa organização em 1974 e devolvida com a assinatura da paz.