Uma desertora norte-coreana que foi ajudada por missionários a escapar do regime comunista de Kim Jong-un, disse abertamente que frequentar a Universidade Columbia, uma instituição da Ivy League em Nova York, era pior do que o regime brutal de Kim, no que diz respeito à ideologia forçada.
Yeonmi Park contou como chegou nos Estados Unidos para estudar, depois de se transferir de uma universidade sul-coreana, em 2016. Ela ficou chocada ao encontrar uma cultura de doutrinação e falou sobre sua frustração enquanto estudava na prestigiosa universidade.
Cultura da doutrinação
“Eu pensava que pagando uma fortuna e investindo tanto tempo e energia, poderia aprender a pensar livremente. Mas eles forçam você a pensar da maneira que eles querem que você pense”, disse Yeonmi que é autora do best-seller “In Order to Live”, em entrevista à Fox News.
“Eu pensei: ‘Uau, isso é loucura’. Achei que a América fosse diferente, mas vi tantas semelhanças com o que vi na Coreia do Norte que comecei a me preocupar”, exclamou.
A escritora contou que um funcionário da universidade a hostilizou quando ela disse que gostava de literatura clássica e de autores como Jane Austen. “Ele disse que esses escritores tinham uma mentalidade colonial e eram fanáticos e racistas, e que suas mensagens estavam subconscientemente fazendo uma lavagem cerebral em mim”, recordou.
Ideologia de gênero
Da mesma forma, as questões de gênero, especificamente no que se refere ao idioma, também pegaram a estudante norte-coreana de surpresa. “Cada curso na escola da Ivy League teve início com os alunos declarando os pronomes pelos quais preferem ser tratados”, lembrou.
“Inglês é a minha terceira língua, eu aprendi quando adulta. Às vezes, ainda digo 'ele' ou 'ela' por engano, e agora eles vão me pedir para chamá-los de 'elus'? Como eu vou incorporar isso em minhas frases?”, questionou ao se referir à nova linguagem inclusiva.
“Foi o caos, parecia a regressão da civilização. Mesmo a Coreia do Norte não é tão maluca”, continuou. Ela também disse que aprendeu a ficar calada depois de várias discussões com professores e alunos, somente para manter suas notas e se formar.
Trajetória para a liberdade
A norte-coreana trilhou um longo caminho pela Ásia para escapar do que é indiscutivelmente a nação mais repressiva do mundo. Em 2007, quando tinha apenas 13 anos, ela viu pessoas morrendo de fome.
No mesmo ano, ela foi para a China, com sua mãe, atravessando o rio Yalu congelado, onde traficantes de humanos as capturaram e as venderam como escravas. Ela foi vendida por menos de 300 dólares e sua mãe por 100.
As duas conseguiram fugir para a Mongólia com a ajuda de missionários cristãos, atravessando o deserto de Gobi. Mais tarde, Yeonmi encontrou refúgio na Coreia do Sul.
Seu livro de memórias de 2015 relata como ela sobreviveu à opressão norte-coreana e o que foi necessário para escapar daquele país tão fechado para o mundo. Ela também compartilhou suas experiências em um TedTalk.
“As pessoas perderam a capacidade de pensar”
“Nos Estados Unidos, as pessoas parecem estar bem dispostas a dar seus direitos e poder ao governo. Isso é o que mais me assusta”, disse a garota que agora defende os direitos humanos dos norte-coreanos.
“Na Coreia do Norte, eu literalmente acreditava que o ‘querido líder’ Kim Jong-un estava morrendo de fome. Até que mostraram uma foto dele. Ele é o cara mais gordo e as outras pessoas são magras”, refletiu.
“E eu fiquei tipo: Meu Deus, por que não percebi que ele era tão gordo? Por que nunca aprendi a pensar criticamente”, continuou.
“É exatamente isso o que está acontecendo na América. As pessoas estão vendo tudo acontecendo, mas simplesmente perderam completamente a capacidade de pensar criticamente”, concluiu.