Escolas católicas de alto padrão em Brisbane, na Austrália, estão ensinando os estudantes a usarem “linguagem inclusiva de gênero” quando se referem a Deus. Em seus esforços de inclusão, os alunos são proibidos de usar as palavras “Senhor”, “Pai” e “Filho”.
Segundo o jornal The Sunday Mail, a escola Stuartholme fez alteração de linguagem em pronomes como “himself” (traduzido como “ele mesmo”) para “Godself” (traduzido como “Deus mesmo”).
“Como acreditamos que Deus não é nem homem nem mulher, a Stuartholme tenta usar termos neutros de gênero nas orações, para que nossa comunidade aprofunde sua compreensão de quem Deus é para eles, como Deus se revela através da criação, nossos relacionamentos com os outros e a pessoa de Jesus”, disse uma porta-voz da escola.
Da mesma forma, o colégio Loreto, em Coorparoo, removeu a palavra “Senhor” de suas orações, por ser considerado um “termo masculino”.
“Loreto, como uma das principais escolas para meninas, tem o compromisso de usar a linguagem inclusiva. Há ocasiões em que a linguagem de gênero pode ser apropriada, incluindo referências a figuras religiosas e bíblicas específicas”, disse o diretor Kim Wickham.
O colégio St. Rita também usa termos neutros de gênero para Deus. “Nós nos esforçamos para usar termos neutros de gênero para Deus, por exemplo, ‘Deus e o povo de Deus’ em vez de ‘Deus e Seu povo’. ‘Espírito’ também é neutro em termos de gênero”, disse o vice-diretor Richard Rogusz.
A principal escola de meninos católicos de Brisbane, o colégio St. Joseph's, substituiu o termo “irmãos” por “irmãs e irmãos” e mudou o termo “irmandade” (no inglês “brotherhood”) para “comunidade internacional”.
“Esta tem sido uma área de crescimento para nós nos últimos tempos”, disse um porta-voz ao Sunday Times. “Nós fizemos mudanças em várias orações para sermos mais inclusivos em relação ao gênero”.
Andrea Dean, diretora do Escritório Católico para a Participação da Mulher, disse ao Sunday Mail que estava “empolgada” com o fato de as escolas usarem a oração de gênero neutro. “É ótimo que eles sejam sensíveis às implicações de como Deus é chamado”, disse ela.
“Deus não tem nenhum gênero. Nos tempos em que a Bíblia foi escrita, [Senhor e Pai] eram termos de honra — a maioria dos termos de honra estava relacionada aos homens”, acrescentou.
Bíblia imutável
O ativista cristão australiano Lyle Shelton criticou a medida, dizendo ao Sunday Mail que “esta é mais uma evidência da agenda daqueles que buscaram o casamento ‘desgênero’ — agora eles querem desacreditar a religião”, afirmou.
“Na teologia cristã, Deus se expressa como pai no gênero masculino. As Escrituras explicam claramente Deus como pai”, disse ele.
Nos últimos anos, várias denominações pressionaram por uma linguagem mais inclusiva de gênero para Deus.
Em 2017, a Igreja da Suécia incentivou o clero a usar termos neutros para Deus, em vez de “Ele” ou “Senhor”, na tentativa de “modernizar” os cultos da igreja.
No ano passado, o arcebispo de Canterbury, Rev. Justin Welby, disse que “toda a linguagem humana sobre Deus é inadequada e até certo ponto metafórica”, de acordo com o Daily Mail.
Algumas denominações protestantes, como a Igreja Episcopal, a Igreja Metodista Unida e a Igreja Evangélica Luterana nos EUA, também debateram o uso da linguagem de gênero para Deus.
Assim como outros proeminentes teólogos cristãos, o pastor John Piper argumentou que a Bíblia dá pouco espaço para o debate sobre o gênero de Deus.
“Deus revelou-se na Bíblia universalmente como rei, não rainha; pai, não mãe”, disse Piper em 2012 na conferência do Desiring God. “A segunda pessoa da Trindade é revelada como o eterno Filho, não filha; o Pai e o Filho criam o homem e a mulher à Sua imagem e lhes dão o nome de homem, um nome masculino”, acrescentou.