Um dos intelectuais mais influentes da atualidade, Jordan Peterson, corre o risco de perder sua licença profissional como psicólogo por ter feito uma postagem que não agradou o governo do Canadá.
O Colégio de Psicólogos de Ontário (CPO) o penalizou por postar no Twitter críticas ao primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e também por compartilhar uma publicação do líder do Partido Conservador do Canadá, o deputado Pierre Poilievre.
O CPO agora exige que ele se submeta a um “retreinamento obrigatório” em comunicação e mídia social, com os especialistas do Colégio. Retuitar frases de Poilievre — que já atuou como ministro da reforma democrática no país — e criticar Trudeau e seus aliados políticos foi considerado “quase um crime”.
“Eu fui acusado de prejudicar pessoas, embora nenhum dos reclamantes seja paciente. Estou para fazer um treinamento, com relatórios documentando o meu progresso”, publicou.
O psicólogo escreveu que caso se recuse a participar do treinamento, deve enfrentar um tribunal para a suspensão do seu direito de atuar como psicólogo clínico. Ele se mostrou preocupado com a liberdade de expressão dos que discordarem das ações do governo.
Ataque à liberdade de expressão
As consequências por suas postagens e por praticar sua liberdade de expressão são desproporcionais, segundo Peterson: “Enfrento desgraça pública, reeducação política obrigatória, audiência disciplinar e perda potencial de minha licença clínica”.
Para o psicólogo, a situação no Canadá tem sido desconfortável para os profissionais, que podem ter seus meios de subsistência e reputação ameaçados de forma gravíssima por concordarem com a oposição oficial e criticarem importantes figuras do governo.
“Canadenses: seus médicos, advogados, psicólogos e outros profissionais agora estão tão intimidados por seus senhores comissários que temem dizer a verdade. Isso significa que seus cuidados e assessoria jurídica se tornaram perigosamente não confiáveis”, escreveu.
Vale citar que Peterson tem 15 milhões de seguidores em suas redes sociais e o número de reclamações por sua forma de se comunicar chega a ser insignificante.
“Cerca de uma dúzia de pessoas de todo o mundo (entre as 15 milhões que me seguem nas redes sociais) apresentaram reclamações sobre minhas declarações públicas no Twitter e no programa de Rogan, num período de quatro anos. Esse grupo alegou que eu tinha ‘prejudicado’ as pessoas (não elas) com minhas opiniões”, explicou.
“Isso é preocupante”, disse Elon Musk
Ao tomar conhecimento do ocorrido, Elon Musk — que agora é proprietário do Twitter — se manifestou digitando dois pontos de exclamação.
Jordan Peterson respondeu: “É pior do que você pensa no Canadá @elonmusk. Profissionais regulamentados agora estão aterrorizados em silêncio por suas respectivas faculdades. Isso significa que eles não são mais capazes de dizer o que acreditam ser verdade. E quem precisa disso de seus advogados, médicos ou psicólogos?”.
E Musk respondeu a ele: “Isso é extremamente preocupante!”.
“Não vou me submeter à reeducação”
De acordo com informações da CBN News, Peterson entrou com um pedido de revisão judicial no Tribunal de Ontário e disse que vai se recusar a cumprir o treinamento que visa “reeducar sua forma de se comunicar”.
“Pratiquei minha profissão por 20 anos sem ser investigado, isso só começou quando me tornei uma figura pública proeminente”, justificou.
O profissional também compartilhou no Twitter a longa lista de requisitos obrigatórios que ele deve cumprir devido a seus comentários. Os requisitos incluem sua participação em um programa de treinamento que Peterson teria que pagar.
Escrevendo em um artigo publicado pelo National Post em 4 de janeiro, ele disse: “Não vou cumprir. Não vou me submeter à reeducação. Meus pontos de vista foram inteiramente justificados”.
“Parece uma questão de id, ego e superego. Você poderia perguntar a um psicólogo sobre isso”, ironizaram os editores do Wall Street Journal, em defesa de Peterson.
Eles também criticaram o Colégio de Psicólogos de Ontário por sua campanha para "reeducar" Peterson por "falar o que pensa".
Em um artigo publicado pelo jornal, o conselho ainda escreveu: "Os órgãos profissionais devem garantir que os profissionais sejam competentes, não impor ortodoxias políticas ou agir como policiais linguísticos fora do escritório".