Depois que um ex-policial dos Estados Unidos foi condenado a 20 anos de prisão nesta quinta-feira (7) por matar, pelas costas, um homem negro desarmado, a mãe do falecido falou sobre perdão e fé.
Em 4 de abril de 2015, o oficial Michael Slager matou a tiros Walter Scott, de 50 anos, que estava desarmado e tentava escapar de uma detenção por infração de trânsito em North Charleston, na Carolina do Sul.
“Eu perdoo Michael Slager. Eu perdoo você”, disse a mãe de Walter, Judy, enquanto se voltava para o assassino de seu filho. “Eu oro por você, para que você se arrependa e deixe Jesus entrar em sua vida”.
Sentado a poucos metros de distância, Michael limpou suas lágrimas e respondeu: “Me desculpe”.
Na época, o episódio foi gravado e viralizou nas redes sociais, despertando uma onda de protestos nos EUA. Michael, de 36 anos, é um dos poucos agentes de polícia preso por tiros fatais e sua sentença é a mais rígida desde que os tiros foram submetidos a um escrutínio extra nos últimos anos.
Michael Slager sob a proteção de policiais após seu julgamento em Charleston, nos EUA. (Foto: AP Photo/Mic Smith)
Advogados do ex-oficial disseram que ele matou Walter em defesa própria, depois que os dois lutaram e o falecido tentou pegar a arma de Michael. Ainda assim, o ex-policial se declarou culpado no tribunal federal por violar os direitos civis do homem.
“Esta é uma tragédia que não deveria ter acontecido”, disse o juiz distrital dos Estados Unidos, David Norton.
Michael pediu desculpas à família de Walter, chamando sua mãe e irmãos por seus nomes. “Por causa das minhas ações naquele dia, Walter Scott não está mais com sua família, e eu sou responsável por isso”, disse o ex-oficial. Sobre o perdão, ele acrescentou: “Estou muito grato por isso”.
Michael atirou a 5 metros de distância nas costas de Walter, que foi atingido por cinco das oito balas disparadas pelo policial. O caso provocou a revolta dos afro-americanos, que se queixam por anos do assédio aos negros pela polícia do norte de Charleston.
Dois meses após o caso, um jovem branco matou nove membros de uma igreja negra durante um estudo bíblico em Charleston, motivado pela discriminação racial. Os familiares das vítimas também anunciaram seu perdão após o ataque.