Igrejas católicas, evangélicas e organizações pró-vida reuniram milhares de manifestantes neste sábado (28) em Buenos Aires para protestar contra o projeto de legalização do aborto apresentado pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández.
As manifestações aconteceram em frente ao Congresso, onde deve acontecer nesta semana o debate do projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados. Segundo os organizadores, marchas e caravanas pró-vida foram realizadas em 500 cidades da Argentina.
“É uma convocação espontânea, na qual esperamos centenas de milhares de pessoas do país que são favoráveis às duas vidas”, disse à AFP o pastor Jorge Gómez, diretor-executivo da Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da Argentina (Aciera), uma das organizações que participam das manifestações.
“É inoportuno que se trate [o projeto de lei] em um momento de crise sanitária [provocada] pela pandemia e quando a sociedade argentina necessita de unidade para resolver problemas estruturais como a pobreza”, explicou o pastor Gómez.
Esta é a nona vez que um projeto de interrupção voluntária da gravidez (IVE, na sigla em espanhol) é apresentada no Parlamento da Argentina, um país de maioria católica. Esta, no entanto, é a primeira vez que o projeto é enviado pelo Executivo.
“Não estamos de acordo em interromper uma vida que começa desde a concepção, somos uma maioria celeste, já que, segundo as últimas pesquisas, 70% são contra este projeto de lei. Esta maioria deve ser ouvida”, defendeu o pastor. “Não queremos legalizar a morte”.
A legislação da Argentina permite o aborto apenas em casos de estupro ou de risco de vida para a mulher. Fernández pretende garantir “que todas as mulheres tenham acesso à saúde integral”, tanto no sistema público quanto no privado, autorizando o aborto “até a 14ª semana de gestação”.
A proposta de legalização do aborto pode ser apoiada pela maioria dos deputados, mas a indicação é que seja novamente rejeitada pelo Senado, tradicionalmente mais conservador. O debate no plenário deve começar em 10 de dezembro e será votado na Câmara Baixa.