O papa Francisco afirmou que se escandalizar com a permissão da Igreja Católica em dar bênçãos a casais gays é hipocrisia.
A declaração polêmica foi feita ao jornal italiano Credere, nesta semana. Durante a entrevista, Francisco defendeu a nova medida de conceder bênçãos não litúrgicas para casais do mesmo sexo, segundo o Catholic News Agency.
“Os pecados mais graves são aqueles que se disfarçam com uma aparência mais ‘angelical’”, afirmou o pontífice.
E continuou: “Ninguém fica escandalizado se eu dou uma bênção a um empresário que talvez explore as pessoas: e este é um pecado muito grave. Considerando que ficam escandalizados se eu der para um homossexual… Isso é hipocrisia! Todos devemos respeitar uns aos outros. Todos”.
Críticas à mudança
Desde a publicação do documento do Vaticano autorizando a bênção gay, a medida tem sido criticada e causado discussão entre líderes e fiéis católicos.
Os bispos católicos da África e Madagascar se recusaram a seguir a decisão da Igreja Católica Romana.
Em janeiro, as conferências episcopais nacionais africanas emitiram uma declaração conjunta anunciando a decisão.
No documento, assinado pelo cardeal congolês Fridolin Ambongo, os bispos afirmaram que a união homoafetiva é contrária à vontade de Deus.
O cardeal observou que a mudança, aprovada pelo papa Francisco em dezembro do ano passado, gerou escândalo e confusão entre os católicos africanos.
“Dentro da família eclesial de Deus em África, esta declaração causou uma onda de choque, semeou conceitos errados e inquietação nas mentes de muitos fiéis leigos, pessoas consagradas e até pastores, e despertou fortes reações”, escreveu ele, na declaração.
Decisão do Vaticano
A medida do Vaticano, aprovada no dia 18 de dezembro de 2023, estabelece que os sacerdotes católicos romanos têm permissão de conceder bênçãos a casais do mesmo sexo, se assim desejarem.
A “bênção” não deve apresentar qualquer semelhança com uma cerimônia de casamento e não pode ocorrer durante liturgias regulares da Igreja.
O documento que anunciou a decisão destaca que a Igreja Católica mantém a perspectiva de considerar a união entre casais do mesmo sexo como um ato "irregular", reafirmando que a doutrina permanece inalterada.
No entanto, ressalta também que a permissão para as bênçãos é interpretada como um "sinal de que Deus acolhe a todos".