O Papa Francisco concedeu entrevista a cinco representantes do grupo America Media, vinculado aos jesuítas nos EUA, quando, além de temas atuais como a Guerra na Ucrânia e a polarização política, ele respondeu sobre diversos temas polêmicos.
Na conversa, que aconteceu em 22 de novembro na Casa Santa Marta, residência oficial do Papa, o racismo, aborto, as relações do Vaticano com a China e o ensino da Igreja sobre a ordenação de mulheres foram questões colocadas na mesa.
Os entrevistadores quiseram ouvir o Papa sobre uma pesquisa de 2021, entre os católicos dos Estados Unidos, sobre a confiança nos líderes e guias em questões de fé e moral.
“De todos os grupos que listamos, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos foi considerada a menos confiável; apenas 20% o consideraram ‘muito confiável’. Os católicos classificaram seu próprio bispo local com percentual mais elevado; cerca de 29% os descreveram como ‘muito confiáveis’”, disseram os entrevistadores.
Segundo eles, a maioria dos católicos parece ter perdido a fé na capacidade da conferência dos bispos de oferecer orientação moral. “Como os bispos católicos dos Estados Unidos podem reconquistar a confiança dos católicos americanos?”, questionaram.
Após dizer que Jesus não criou as conferências episcopais, o Papa, que respondeu longamente a questão, disse que a pergunta correta seria: “Qual é a relação do bispo com seu povo?”
“Você tem alguns bons bispos que estão mais à direita, alguns bons bispos que estão mais à esquerda, mas são mais bispos do que ideólogos; eles são mais pastores do que ideólogos. Essa é a chave”, disse Francisco.
Comunismo e marxismo
Ainda sobre o aspecto ideológico, o Papa foi questionado sobre ser chamado de comunista e até de marxista, devido às críticas que faz ao capitalismo de mercado como o dos Estados Unidos.
O Papa chamou a questão de rotulagem e disse que “eu tento seguir o Evangelho. Estou muito iluminado pelas bem-aventuranças, mas sobretudo pelo padrão pelo qual seremos julgados”, diz.
Após citar Mateus 25, o chefe da Igreja Católica pergunta: “Jesus é um comunista, então? O problema que está por trás disso, que você justamente tocou, é a redução sociopolítica da mensagem do Evangelho. Se vejo o Evangelho apenas de maneira sociológica, sim, sou comunista, e Jesus também”.
Francisco encerrou sua resposta dizendo que “os comunistas roubaram alguns de nossos valores cristãos (risos). Com alguns outros, fazem um desastre.”
Relações com a China
Sobre as relações do Vaticano com a China, Francisco foi questionado a respeito do acordo que assinou com o país comunista, no qual se compromete a submeter qualquer nomeação à aprovação de Pequim, e também sobre o silêncio referente à violação dos direitos humanos pelo regime liderado por Xi Jinping.
“Não é uma questão de falar ou silenciar. Essa não é a realidade. A realidade é dialogar ou não dialogar. E se dialoga até onde for possível”, respondeu.
Francisco disse que o diálogo é o caminho da melhor diplomacia:
“Com a China, optei pela via do diálogo. É lento, tem seus fracassos, tem seus acertos, mas não encontro outro caminho. E quero sublinhar isto: o povo chinês é um povo de grande sabedoria e merece o meu respeito e a minha admiração. Eu tiro meu chapéu para eles. E por isso procuro dialogar, porque não é que vamos conquistar as pessoas. Não! Há cristãos lá. Eles devem ser cuidados, para que sejam bons chineses e bons cristãos”.
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