Com 99,8% dos votos contados, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, obteve 87,3% dos votos, de acordo com resultados preliminares divulgados nesta segunda-feira (18) pela Comissão Eleitoral Central da Rússia (CEC).
Segundo a CNN, o resultado significa que Putin governará pelo menos até 2030, quando terá 77 anos. Sendo o líder mais antigo da Rússia desde o ditador soviético Joseph Stalin, ele garantirá uma terceira década completa de governo.
Com a maioria dos candidatos da oposição mortos, presos, exilados ou impedidos de concorrer — e com a dissidência efetivamente proibida na Rússia desde que esta lançou a sua invasão em grande escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022 — Putin não enfrentou nenhum desafio credível ao seu governo.
‘Opositores de Putin foram eliminados’
Orgulhoso de sua vitória, Putin disse que a eleição tinha “consolidado” a unidade nacional e que havia “muitas tarefas pela frente” para a Rússia, à medida que continua o seu curso de confronto com o Ocidente.
“Não importa o quanto alguém tente nos assustar, quem tente nos suprimir, nossa vontade, nossa consciência, ninguém jamais conseguiu ter feito tal coisa na história, e isso não vai acontecer agora e não vai acontecer no futuro. Nunca”, disse ele.
Conforme lembrou a CNN, os mais ferozes opositores de Putin morreram nos últimos meses: “Depois de liderar uma revolta fracassada em junho, Yevgeny Prigozhin, foi morto após dois meses, depois que seu avião caiu durante uma viagem de Moscou a São Petersburgo. O Kremlin negou qualquer envolvimento na morte de Prigozhin”.
“As eleições foram realizadas um mês depois de Alexey Navalny, o mais formidável adversário de Putin, ter morrido numa colônia penal no Ártico. A família e os apoiadores de Navalny acusaram Putin de ser responsável pela sua morte, uma alegação rejeitada pelo Kremlin”, mencionou também. E houve outros casos em que pessoas nas prisões faleceram.
‘Russos protestaram’
A CNN informou que a viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, pediu aos russos que se manifestassem coletivamente como uma demonstração de oposição no domingo, mas o Kremlin alertou contra reuniões não autorizadas.
As manifestações na Rússia ocorreram mesmo assim. Houve protestos também nas embaixadas russas em toda a Europa, com grandes multidões a reunirem-se ao meio-dia em Londres, Paris e outros locais.
Navalnaya participou numa manifestação em Berlim, esperando na fila com outros eleitores numa demonstração de oposição. A eleição também foi marcada por atos de desafio mais explícitos.
Até sábado, a Rússia havia aberto pelo menos 15 processos criminais depois que pessoas derramaram tinta em urnas, iniciaram incêndios ou lançaram coqueteis molotov em locais de votação. Mais de 60 russos foram detidos em pelo menos 16 cidades no último dia de votação.
“Putin está doente de poder”
Após a divulgação dos resultados preliminares no domingo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamou Putin de “ditador” e a eleição da Rússia de “farsa”.
“É claro para todos no mundo que este indivíduo, como tantas vezes aconteceu na história, está simplesmente doente de poder e está fazendo tudo o que pode para governar para o resto da vida. Não há mal que ele não cometerá para prolongar seu poder pessoal. E não há ninguém no mundo que esteja imune a isso”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
3ª Guerra Mundial à vista?
Respondendo no domingo à pergunta de um jornalista sobre os comentários do presidente francês Emmanuel Macron, no mês passado, de que não descartaria o envio de forças europeias para a Ucrânia, Putin disse que tal medida estaria “a um passo da 3ª Guerra Mundial”.
O presidente russo não está sozinho em seus planos que envolvem derrubar as democracias do mundo, ele tem feito parcerias com alguns países, entre eles China e Irã.
Putin tem cortejado até mesmo países do Sul Global ao apresentar sua visão de um mundo não liderado pelo Ocidente. O “Sul Global” é uma referência aos países em desenvolvimento da África, América Latina, Caribe, Ásia e Oceania, incluindo o Brasil.
Depois da invasão à Ucrânia, Putin tem intensificado suas ameaças à comunidade internacional dizendo que “a Rússia está pronta para uma guerra nuclear”, que existe um “grande risco do mundo viver uma 3ª Guerra Mundial e que ele tem armas suficientes para atingir o Ocidente.