‘Se posicione ou sofra as consequências’, diz cristão que perdeu emprego por sua crença

“Eles só vão parar quando alguém se levantar e dizer: ‘Isso não está certo’. As coisas mudam quando as pessoas desafiam o sistema”, disse Felix Ngole.

Fonte: Guiame, com informações da Fox NewsAtualizado: sexta-feira, 28 de julho de 2023 às 15:25
Felix Ngole. (Foto: Reprodução/Christian Concern)
Felix Ngole. (Foto: Reprodução/Christian Concern)

O cristão Felix Ngole nasceu em Camarões, país africano que faz fronteira com a Nigéria, mas mudou-se para o Reino Unido para seguir sua carreira de assistente social. 

Ele disse que sempre pensou no Reino Unido e América como lugares onde a liberdade de expressão e religião eram protegidas, até que foi recusado por uma empresa por “não aceitar promover a homossexualidade”. 

“Eu poderia ter ido embora discretamente, como muitas pessoas fazem. Isso me pouparia muito estresse”, disse em entrevista à Fox News. Mas Ngole disse que o entristeceu ver que sua fé estava sendo atacada.

Como tudo aconteceu

Em 2019, Ngole já havia sofrido com o mesmo tipo de situação na universidade em que estudou. Ele foi expulso de um programa de assistência social por ter citado a Bíblia em comentários sobre homossexualidade em sua conta no Facebook.

Ele ficou surpreso ao descobrir que, novamente, esses mesmos comentários o colocaram em apuros depois que ele se candidatou a um emprego no NHS — sistema público de saúde do Reino Unido. 

A organização de recrutamento descobriu suas convicções sobre homossexualidade e casamento. Depois de receber a oferta de emprego, Ngole foi informado pelo recrutador Touchstone Leeds que ele deveria “promover a homossexualidade” para poder ingressar no novo trabalho.

“Isso está indo longe demais”, disse ao revelar que levou o caso a um tribunal trabalhista, alegando discriminação religiosa.

Sobre a discriminação religiosa

Ngole disse que “realmente queria o emprego”, então antes de apelar ao tribunal, ainda tentou conversar com o recrutador. 

Durante essa reunião, ele assegurou-lhes que não discriminaria ninguém. No entanto, percebeu que a discussão se transformou num verdadeiro interrogatório sobre sua fé, que durou cerca de duas horas.

“Tenho fortes crenças cristãs, é claro, não posso me desculpar por isso. E, da mesma forma, não vou discriminar seus clientes. Já trabalhei com esse mesmo grupo de clientes antes e ninguém nunca reclamou sobre minha prática. Sou qualificado. Faço bem o meu trabalho e é injusto que você retire esta oferta de emprego”, Ngole argumentou à Touchstone. 

Mas a empresa de saúde mental reafirmou sua decisão de retirar a oferta de emprego dada a Ngole.

‘Precisamos desafiar o sistema’

Agora Ngole disse que segue em frente com o processo, não apenas por ele, mas para as gerações futuras: “Acredito que, como cristão, uma das coisas que Deus nos deu quando nos criou, foi o senso de justiça, porque ele é um Deus justo”.

“Isso não é sobre mim, apenas. É sobre meus filhos e os filhos dos meus filhos, e os filhos do meu vizinho também. Temos que começar a desafiar [essa ideologia] agora. E se não o fizermos, essas pessoas continuarão fazendo isso”, frisou. 

“Eles só vão parar quando alguém se levantar e dizer: ‘Isso não está certo’. As coisas mudam quando as pessoas desafiam o sistema. Quando as pessoas não o fazem, o sistema continuará funcionando normalmente e voltará para nos atacar”, continuou. 

‘Não vou promover o estilo de vida deles’

O caso de Ngole deveria ser ouvido no Leeds Employment Tribunal, na semana passada. No entanto, conforme a Fox News, o tribunal adiou o caso para que a Touchstone pudesse apresentar mais provas sobre a ‘teoria do estresse minoritário’ em sua defesa.

De acordo com o Christian Legal Center, que está apoiando Ngole, esta teoria está sendo testada no tribunal do Reino Unido pela primeira vez. A teoria afirma que se um cliente minoritário, como alguém que é LGBT, se deparar com as declarações do assistente social condenando a homossexualidade, ele enfrentaria estresse indevido e danos potenciais.

Ngole negou as acusações de “discriminação e ódio” contra qualquer membro da comunidade LGBT. Ele disse que, embora possa discordar de seu estilo de vida, ele ainda pode mostrar-lhes amor por meio de seu papel como assistente social.

“Não há nada que sugira que eu tenha discriminado alguém. Eu apenas acredito no amor de Deus e acredito na Bíblia quando ela diz que ‘Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha vida eterna’. E Deus não enviou Seu filho para condenar o mundo, mas para que por meio dele o mundo fosse salvo”, resumiu. 

“Esse é o princípio da minha fé, por isso não posso concordar com o estilo de vida deles. E eu não tenho que concordar com isso, pois eu sei que é errado, mas, ao mesmo tempo, eu os amo como alguém que está na minha frente”, disse ainda.

“Não vou promover o estilo de vida deles, mas ainda posso mostrar-lhes amor. E é contra isso que eles realmente lutam”, concluiu.

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