A presidente do Comitê de Direitos Humanos do Parlamento iraniano, Zohreh Elahian, disse que o país suspendeu a pena de morte de Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada por suposto adultério e assassinato. Segundo a agência oficial iraniana ILNA, a declaração estaria em uma carta endereçada à presidente Dilma Rousseff, em que Elahian informa que a pena de Sakineh foi comutada para prisão e chama de "propaganda" as críticas dos governos ocidentais ao sistema judicial iraniano. De acordo com a agência, Sakineh teve sua pena comutada para dez anos de prisão depois de receber o perdão dos familiares da vítima. A iraniana foi condenada ao apedrejamento em 2006 por supostamente trair e assassinar o marido. Grupos de direitos humanos afirmam que ela tem sido forçada a confessar a culpa.
Em meio à pressão da comunidade internacional, o destino de Sakineh tem sido incerto desde então. As autoridades iranianas teriam suspendido a sentença de apedrejamento, mas ela continuava condenada à morte.
Segundo agências de notícias internacionais, a carta não deixa claro se a decisão é final. Na mensagem, a deputada acrescenta que Sakineh foi condenada a dez anos de prisão porque "de acordo com as provas, traiu a sua família e assassinou seu marido com ajuda de seu amante".
Em julho do ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo à Sakineh no Brasil. O governo do Irã rejeitou a oferta, alegando que ele não estava bem informado sobre o caso.
Pela lei islâmica em vigor no Irã, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, enquanto crimes como homicídio, estupro, assalto, apostasia e narcotráfico resultam em enforcamento.
O caso de Sakineh abalou ainda mais as relações entre o Irã e o Ocidente, já prejudicadas por causa do programa nuclear iraniano, que os EUA e seus aliados temem estar voltados para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
A Anistia Internacional diz que o Irã é o segundo país que mais usa a pena de morte no mundo, atrás apenas da China. Em 2008, pelo menos 346 réus foram executados. As autoridades iranianas rejeitam as acusações de abusos aos direitos humanos, e alegam estarem seguindo a lei islâmica.