Multidões começaram a sair às ruas da Síria após as rezas desta sexta-feira, quando manifestantes prometem fazer os maiores protestos contra o governo de Bashar al-Assad até agora.
Tropas estão nas ruas da cidade de Homs, e milhares realizam passeatas nos arredores de Damasco e na cidade de Deraa.
Em uma concessão aos manifestantes, o presidente pôs fim, na quinta-feira, a cinco décadas de estado de emergência. Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que mais de 200 pessoas morreram na Síria durante semanas de protesto contra o governo.
Um porta-voz do grupo Human Rights Watch afirma que Assad 'tem a oportunidade de provar suas intenções permitindo os protestos (de sexta-feira) a se desenrolarem sem repressão violenta'.
'As reformas serão significativas apenas se os serviços de segurança sírios pararem de atirar, prender e torturar manifestantes', disse Joe Stork, vice-diretor de Oriente Médio da Human Rights Watch.
O governo sírio diz que está ouvindo as demandas dos manifestantes, e Assad afirma que está avaliando um programa de reformas. As concessões de quinta-feira incluem a abolição das cortes de segurança estaduais e a premissão a protestos pacíficos.
Entretanto, outras leis dão ao governo poderes amplos para prender ativistas e reprimir dissidências.
Uma nova lei exige que sírios peçam permissão ao Ministério do Interior para realizar manifestações. Alguns advogados dizem que isso continua a restringir a liberdade de associação da mesma forma que sob a lei de emergência.
Assad disse semana passada que não haveria mais 'desculpas' para manifestações uma vez que o estado de emergência fosse suspenso.
Mas analistas afirmam que um número cada vez maior de ativistas vêm pedindo a queda do regime.
A onda de protestos inédita na Síria foi inspirada por levantes contra regimes autoritários em Tunísia e Egito.
No entanto, o governo diz que as manifestações são uma 'insurreição armada' de grupos salafistas nas cidades de Homs e Baniyas.
O salafismo é um ramo radical do Islã sunita, que muitos governos árabes igualam a grupos extremistas como a rede Al-Qaeda.
Manifestações contra o partido governante sírio, o Baath, começaram na cidade de Deraa, no sul da Síria, no começo de março, e rapidamente se espalharam pelo país.
As manifestações são a mais grave ameaça enfrentada pelo governo de Assad desde que ele substituiu seu pai, Hafez, há 11 anos.