Um dia após a Polícia Militar reforçar a segurança nas ruas do Rio de Janeiro, pelo menos 11 novos ataques de criminosos foram registrados, entre a noite de terça-feira (23) e a madrugada de quarta-feira (24), em diferentes pontos do estado. Segundo a PM, os crimes aconteceram na Dutra; nas zonas Norte e Oeste; na Baixada Fluminense; e na Região Metropolitana.
Em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, dois ônibus foram incendiados nesta madrugada. Segundo a polícia, criminosos interditaram a Avenida Automóvel Clube e atearam fogos nos veículos. Segundo o Corpo de Bombeiros, ninguém ficou ferido.
Ainda na madrugada desta quarta-feira (24), a PM confirmou que dois carros foram incendiados por criminosos em São Gonçalo, na Região Metropolitana. As informações foram confirmadas pelo 7º BMP (São Gonçalo), responsável pela área. Segundo a PM, os ataques aconteceram nos bairros Pita e Porto da Pedra. Não houve presos ou feridos. As chamas já foram controladas.
Mais cedo, também na Região Metropolitana, em Niterói, quatro carros foram incendiados nas ruas Soares Miranda e São Januário, ambas no bairro Fonseca, e na Rua Santo Antônio, na região de São Lourenço. Ainda não há informações sobre feridos. Bombeiros do quartel de Niterói foram acionados para os locais. De acordo com a corporação, as chamas foram provocadas por criminosos, que conseguiram fugir.
A Polícia Militar informou que um carro também foi encontrado em chamas na Rua França Júnior, no bairro Parque Lafayete, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e outro no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Segundo a PM, em ambos os casos, o incêndio também foi provocado por criminosos. Ainda não há informações sobre feridos.
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou, por volta das 4h desta quarta-feira, que um ônibus foi incendiado por criminosos na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Engenheiro Pedreira, na Baixada Fluminense. Segundo a PRF, o veículo passava pela via, na pista sentido São Paulo, quando foi parado por três homens armados. Ninguém ficou ferido.
O crime aconteceu na altura do Km 199. Ainda de acordo com os agentes da PRF, os criminosos mandaram os passageiros e o motorista saltarem do veículo e atearam fogo. Eles fugiram em seguida. Segundo a Nova Dutra, concessionária que administra a via, as chamas já foram controladas e o veículo já foi retirado da pista. O trânsito não sofreu alteração.
Carro incendiado na Zona Norte
Na Zona Norte, um carro também foi incendiado na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. As informações foram confirmadas pela Polícia Militar. Segundo o 1º BPM (Estácio), o fogo foi ateado por um grupo de criminosos armados, que interditaram a via, próximo a um centro de convenções. Eles fugiram em seguida. Ninguém ficou ferido.
O Corpo de Bombeiros informou que as chamas já foram controladas. De acordo com as primeiras informações da Polícia Militar, o veículo teria sido roubado no dia 18 de outubro, na área de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Assustados, alguns motoristas que passavam pela via tentaram voltar na contramão. A polícia reforçou o patrulhamento na região.
O ataque aconteceu próximo ao local onde, na noite de segunda-feira (22), um carro também foi incendiado na Rua Zamenhofe, no Estácio, no Centro da cidade. De acordo com o 1º BPM (Estácio), o fogo também foi ateado por criminosos, que fugiram. Perto do veículo foi encontrado um galão de combustível. Ninguém ficou ferido. A polícia ainda investiga o caso.
Cabine da PM atacada em Duque de Caxias
Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma cabine da Polícia Militar foi atacada por criminosos também no fim da noite de terça. As informações foram confirmadas pela Polícia Militar. Segundo o 15º BPM (Duque de Caxias), a cabine foi metralhada por um grupo de homens armados num carro. Ninguém ficou ferido.
O crime aconteceu por volta das 23h30, na Praça da Emancipação, também conhecida como Praça do Relógio, no Centro de Duque de Caxias. De acordo com o 15º BPM, nenhum policial que estava de plantão foi atingido. A cabine, segundo testemunhas, ficou com várias marcas de tiros.
Ainda de acordo com a PM, um carro, que teria sido usado pelos criminosos durante o ataque, foi recuperado por policiais militares do 15º BPM, na Favela da Mangueirinha, também em Duque de Caxias. As informações foram confirmadas pelo tenente-coronel Sérgio Mendes, comandante do batalhão. O carro foi levado para a 59ª DP (Duque de Caxias).
Operações terminam com 8 presos e 2 mortos
Mais cedo, a Polícia Militar confirmou que oito homens foram presos, e outros dois, mortos, durante operações realizadas na terça (23), em favelas do Rio. Em nota oficial, a PM afirmou, ainda, que dois menores foram detidos na região de Copacabana, na Zona Sul. As ações aconteceram após uma série de ataques de criminosos registrados nas últimas 48h na cidade.
As prisões, de acordo com a Polícia Militar, ocorreram nas regiões de Copacabana; da Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio; em Manguinhos, também no subúrbio; em São Gonçalo, na Região Metropolitana; e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
A PM, no entanto, não informou se os suspeitos têm envolvimento com os ataques. Entre as apreensões, ainda segunda a nota oficial da PM, há um fuzil, duas pistolas, uma espingarda, um revólver, dois artefatos explosivos, 50 kg de maconha, 2.287 sacolés de cocaína, quatro litros de gasolina e uma garrafa de coquetel molotov e 80 motos. Um automóvel também foi recuperado.
As operações começaram ainda pela manhã e contaram com equipes das políciais Civil e Militar. Os policiais também estiveram nas comunidades Varginha, em Manguinhos, Parque União e Nova Holanda, na Maré, Arará, em Benfica, Jacarezinho, no Jacaré, Tuiuti e Barreira do Vasco, em São Cristóvão, Morro do Encontro e Cotia, no Grajaú, Fallet e Fogueteiro, em Santa Teresa, e na Vila Joaniza e Barbante, na Ilha do Governador.
Na segunda (22), o comandante geral da PM, coronel Mario Sérgio Duarte, disse que vai antecipar o esquema de policiamento do fim de ano. Segundo ele, folgas serão reduzidas para aumentar o efetivo, PMs que fazem trabalhos internos passarão a atuar nas ruas e sete mil novos policiais serão contratados até o fim de 2011.
Até o fim de dezembro, de acordo com a polícia, mais 250 motocicletas vão circular pela cidade. Nesta segunda-feira, 140 veículos foram distribuídos para os batalhões: Irão intensificar o policiamento nestas áreas que estão sendo alvo desses criminosos, disse o coronel Mário Sérgio.
Além do aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal no Rio, com a transferência de agentes de vários estados do país, o reforço na segurança vai contar ainda com um helicóptero usado em ações táticas operacionais com equipes especializadas. Com a medida, haverá um aumento 200% no efetivo que atua nas estradas federais no estado.
Os primeiros ataques começaram há quase dois meses. No início, as autoridades chegaram a negar a possibilidade dos crimes para não amedrontar a população. Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no fim de setembro, foram três carros roubados e um homem feito refém.
Governo pede transferência de presos
O governo do Rio pediu nesta terça-feira (23) a transferência de pelo menos oito detentos para presídios de segurança máxima fora do estado. A informação é do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, que afirma que esse número pode chegar a 13. O pedido de transferência já foi feito à Vara de Execuções Penais.
Por volta das 19h30 desta terça, o Tribunal de Justiça do Rio confirmou que o pedido de transferência dos presos foi aceito no Rio. Mas, para que os detentos sejam levados para outro estado, é preciso que a Justiça Federal do estado que vai recebê-los também aceite.
Ainda segundo Beltrame, que participou de um coletiva na sede da Secretaria de Segurança Pública, esses detentos seriam chefes de facções criminosas importantes e precisam ser afastados do Rio. O secretário voltou a afirmar nesta terça que os ataques que vêm acontecendo são uma represália à política de segurança implantada no estado, que tem como principal foco as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) instaladas nas favelas.
O secretário também confirmou que o governo recebeu informações, ainda não confirmadas pelos órgãos de inteligência da polícia, de que duas grandes facções criminosas do Rio teriam se unido para ordenar os ataques. Ele explicou também que a Secretaria recebeu há cerca de um mês algumas informações sobre os atos criminosos, mas de acordo com Beltrame, muitos deles não se confirmaram ou foram reprimidos pela polícia.
Força de Segurança Nacional poderá ser acionada
Serão transferidos agentes de vários estados do país, numa mobilização que vai implicar em redução de folgas das equipes para intensificar o patrulhamento em pontos estratégicos do estado, segundo informações da assessoria da PRF no Rio. Embora não revele os números, o Ministério da Justiça ainda disponibilizou recursos financeiros que poderão ser usados para compra de equipamentos e veículos.
Na articulação estratégica, que envolve ações das polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar, ficou acertada a troca sistemática de informações entre os Centros de Inteligência de cada unidade.
O Ministério da Justiça também informou que a Força de Segurança Nacional está em estado de alerta e pode ser acionada a qualquer momento a pedido do governo do Estado do Rio. No entanto, a princípio, o secretário de segurança do Rio revelou que não pretende usar a Força Nacional para conter os atos criminosos.