O nível do Sistema Cantareira subiu pelo sexto dia em fevereiro e passou de 5,7% para 5,9% nesta segunda-feira (9), segundo boletim divulgado pela Sabesp. O conjunto de represas é responsável por abastecer 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
Essa foi a sexta elevação em fevereiro, mês com mais altas desde que a Sabesp emitiu o primeiro alerta sobre a crise hídrica no Cantareira, em 27 de janeiro do ano passado.
Antes, o mês que mais registrava elevações de nível tinha sido março, quando o nível subiu durante quatro dias. Á época, ainda não tinha sido necessário usar o volume morto do Cantareira - hoje, já é usada a segunda cota. Dezembro vinha em seguida, com três elevações de nível.
Desta vez, o Sistema Cantareira subiu de nível mesmo sem registrar nenhuma chuva na região das represas, o que indica que a quantidade de água que chega pelos rios que abastecem o Cantareira deve ter sido maior do que a saída de água para o consumo. A Sabesp vem intensificando manobras de redução de pressão na Grande São Paulo para diminuir o consumo de água.
Desde o início de fevereiro, o sistema ganhou 0,9 ponto percentual. É também a maior elevação nesses termos, já que em março do ano passado, a elevação tinha sido de 0,6 ponto percentual.
Se o mês de fevereiro registra seis altas, outros meses só registraram quedas, caso de junho, julho e agosto de 2014.
Outros sitemas
Outros quatro sistemas que abastecem a Grande São Paulo também subiram seu nível de água armazenada nesta segunda. O único que perdeu água foi o sistema Rio Grande.
Confira o níveis dos sistemas que atendem a Grande São Paulo:
Cantareira: subiu de 5,7% para 5,9%;
Alto Tietê: subiu de 12,4% para 12,6%;
Guarapiranga: subiu 52,3% para 53,4%;
Alto Cotia: subiu de 32,6% para 33,1%;
Rio Grande: caiu de 78,9% para 78,8%;
Rio Claro: subiu de 31% para 31,1%.
Previsão de chuvas
As precipitações devem ficar abaixo da média pelo menos até abril. É o que prevê o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério de Ciência e Tecnologia. O resultado foi divulgado em 16 de janeiro, na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília.
Junto com o ano de 2014, terminou também o melhor mês do Cantareira no ano. Em dezembro, o nível do sistema baixou 1,5 ponto percentual. Foi o menor índice de queda mensal no ano. A maior baixa foi em fevereiro, quando o volume acumulado recuou 5,5 pontos percentuais.
Dezembro também foi o melhor mês em número de dias sem queda no nível do reservatório. Foram 11: em 8 deles o nível se estabilizou, e em outros 3 ele chegou a subir. Foi a única vez no ano em que o nível aumentou três vezes seguidas, dos dias 24 a 26. Nesse sentido, os piores meses foram junho, julho, agosto e outubro, quando o nível caiu todos os dias.
O Cantareira terminou 2014 sem recuperar 492 bilhões de litros de água perdidos durante os 12 meses. O ano começou com o nível do reservatório em 27,2% e terminou com 7,2%.
Porém, com a utilização das duas cotas do volume morto (a primeira elevou o manancial em 18,5 pontos percentuais e a segunda em 10,7 pontos percentuais) é como se os reservatórios tivessem iniciado 2014 com um volume acumulado de 56,4%.
Assim, a queda foi 49,2% durante o ano. O número representa 492 bilhões de litros. De acordo com estimativas da Sabesp, o reservatório tem capacidade de armazenar 1 trilhão de litros, quando está com 100% do seu nível.
Multa
Depois de ser barrada na Justiça no dia 13, a sobretaxa na conta de água para quem aumentar o consumo voltou a valer no dia 14, após o governo vencer recurso contra a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).
A partir da conta de fevereiro, serão cobrados 40% de multa para quem consumir até 20% a mais do que a média entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Quem ultrapassar 20% dessa média será multado em 100% sobre o gasto com água, que representa metade da conta. Os outros 50% são referentes ao serviço de coleta de esgoto.
Com a medida, a multa será aplicada da seguinte maneira: um consumidor que, em média, gasta 10 m³ de água receberá conta 20% mais cara se utilizar entre 10,1 m³ e 12 m³ em um mês. Caso gaste acima de 12,1 m³, irá pagar 50% a mais. O consumidor que elevar o gasto passará a ser cobrado na conta de fevereiro.
Bônus
Entre fevereiro e outubro do ano passado, a companhia concedeu bônus de 30% na conta de clientes que economizassem 20% ou mais de água em relação à média de consumo entre dos 12 meses que vão de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014.
A medida foi adotada para estimular a redução no consumo. Desde novembro, o desconto gradual passou a ser dado para os imóveis que reduzirem o consumo entre 10% e 20%. O desconto foi prorrogado até o fim de 2015.
O percentual será calculado com base na média de fevereiro de 2013 até janeiro de 2014. A média já aparece na conta dos consumidores. A meta do governo é reduzir 2,5 metros cúbicos por segundo de consumo.