Dono de uma pousada na praia do Bananal, em Ilha Grande, Kioshi Nakamashi, teve que reduzir o preço da diária dos quartos e cortar mais da metade de seus funcionários ao ver o número de hóspedes cair cerca de 70% em 2010. Localizada em um dos principais pontos afetados em Angra dos Reis pelas fortes chuvas de janeiro que deixaram 53 mortos, a hospedagem é um reflexo do turismo no município do sul fluminense que quase um ano depois ainda sente os efeitos da tragédia.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, até novembro, a queda do número de visitantes foi de 27%. O momento mais crítico foi entre janeiro e fevereiro, quando a média de ocupação chegou a 38%, em contraponto aos 75% alcançados no mesmo período de 2009. Em fevereiro, em decorrência do carnaval, a taxa foi melhor - 54% -, mas ainda abaixo do registrado no ano anterior - 86%.
Só a partir de setembro, os índices começaram a apresentar sinais de recuperação. De acordo com a secretaria de turismo, com a chegada da primavera e o aumento dos feriados prolongados, a ocupação nas hospedagens chegou à marca de 90% em 12 de outubro, por exemplo.
Aos poucos o turismo está voltando ao normal, avalia o prefeito Tuca Jordão, ao iG.
Para ajudar na recuperação do turismo de Angra dos Reis, a prefeitura montou um pacote de incentivos fiscais para os donos das pousadas e hotéis. Entre as medidas, está a prorrogação do pagamento do IPTU 2009 para 2011, com parcelamento e desconto de 15%.
Não posso dar a liberação definitiva para que as pousadas não paguem o IPTU, mas tenho força legal para promover esses incentivos. É uma ajuda para os donos das pousadas poderem respirar, diz Jordão.
Na praia do Bananal, palco de deslizamentos de terra que destruíram sete casas e a pousada Sankay, os efeitos ainda são sentidos de perto. Estamos com 50% de ocupação para este final de ano e janeiro. Nos anos anteriores, no início de dezembro já tínhamos uma taxa de ocupação em janeiro de 80% a 100%. Neste ano, a procura diminuiu muito, lamenta Kioshi Nakamashi, cuja pousada está localizada a cerca de 200 metros da antiga Sankay.
Com a redução de hóspedes ao longo do ano, o empresário cortou gastos e adotou diárias mais em conta. Tive que reduzir os valores em aproximadamente 30%. Em datas nobres, como ano-novo e carnaval, cobrei valores de dias normais. A tragédia ainda está presente porque é muito recente. Acho que a partir de 2011, se no verão fizer um sol forte, a situação irá se normalizar, diz Nakamashi, na esperança de dias melhores.