O desafio de continuar a pregar o Evangelho que nos confronta

As pessoas confundem as igrejas com terapia de grupo.

Fonte: Guiame, Daniel RamosAtualizado: sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025 às 17:51
(Foto: Unsplash/Yohan Joy)
(Foto: Unsplash/Yohan Joy)

Há muito tempo, pela misericórdia do Senhor, exerço o ministério da Palavra em diversas igrejas. Muitas delas são bem pentecostais, outras nem tanto, mas o que une todas elas – com raríssimas exceções – é que não admitem o exercício da legítima função da Palavra: exortar, consolar e edificar. E a própria Bíblia não autoriza ninguém a mudar seu objetivo enquanto ferramenta do Espírito Santo através dos crentes (Hebreus 4:12).

"Ah, pastor, a pregação foi uma bênção, mas precisava bater tanto?" – choramingam os crentes que esqueceram o objetivo de nos reunirmos na presença do Senhor. Algumas igrejas foram obrigadas a trazer as logomarcas institucionais para dentro de seus recintos para lembrar os crentes que aquele ambiente tem um propósito.

Nenhum pregador pode "bater" na igreja. Isso é fato; por mais dura que seja a exposição da sua pregação, ninguém pode tocar na Noiva do Cordeiro. A igreja de Cristo é protegida pelo próprio Cristo, e ninguém tem acesso a ela senão "o noivo" – o Cristo. Logo, ninguém a toca, quiçá surrá-la.

O Salmo 119:105 afirma que a Palavra do Senhor é lâmpada para nossos pés e luz para o nosso caminho. Quem, de fato, quer sair da escuridão tem que ter coragem para enfrentar tudo o que a luz expõe. Na maioria das vezes, a luz costuma expor detalhes desagradáveis, que trazem desconforto. Isso é natural, pois a escuridão é cômoda, como já dizia a nossa avó: "À noite, todo gato é pardo". Assim, causa muitos problemas quando alguém acende a luz de Deus no meio do povo, pois nossas obscuridades são expostas.

A função pastoral é trazer para o aprisco a ovelha que ultrapassa os limites. Por vezes, o pastor faz uso do cajado como extensão de seu braço, envolve o pescoço da ovelha e a traz de volta. Muitos crentes não entendem a função do cajado, pensando logo na mensagem dura como espancamento do rebanho e não como o retorno dele para a comunhão.

Quando Davi desce para enfrentar o gigante Golias em 1 Samuel 17, ele porta um cajado e vai ao ribeiro para pegar cinco pedras. Quando Golias viu o menino vir a seu encontro, começou a gritar: "Eu sou algum cão para vir a mim com paus e pedras?" É natural para um hebreu entender por que alguém anda com um "pedaço de pau" nas mãos; na verdade, trata-se de um pastor com seu cajado. Logo, se o povo que se diz de Deus não reconhece o cajado nas mãos do pastor "no exercício da Palavra", deve-se desconfiar se o tal é estranho ao rebanho; às vezes é um filisteu ou até mesmo um lobo travestido de ovelha.

Quem muito reclama do uso do cajado não pode ser povo de Deus. A identidade do pastor não é um terno bem alinhado (apesar de ser muito bonito), mas o uso poderoso da Palavra de Deus na mesa da Igreja. Quem estranha isso deve fazer um autoexame para verificar se é convertido ou apenas convencido. O convertido se submete à Palavra de Deus no exercício pastoral, enquanto o convencido é um impostor travestido de crente, alimentando suas próprias vaidades.

Jeremias 6:16 nos exorta a nos colocarmos à margem do caminho e a fazer um autoexame sobre qual é o bom caminho. Cuidado, amado irmão/irmã, se estamos em um grupo de autoajuda, terapia de grupo com placa de igreja. E, no final de tudo, não entrar na cidade pelas portas (Apocalipse 22:14). Perdeu o mundo e vai perder o céu. Esse é o grande problema do autoengano.

Finalizo rogando a Deus que abra nossos olhos espirituais e nos converta à Sua Palavra – que exorta, consola e edifica – pois sem isso, não podemos viver o verdadeiro Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Não perca seu tempo: ou vivemos no mundo na podridão, ou vivemos a fé em Cristo na sua imensidão. Quem é sujo, suje-se ainda, mas quem é santo, santifique-se mais! (Apocalipse 22:11). Vigiemos, o Senhor Jesus vem!

 

Daniel Ramos (@profdanielramos) é professor de teologia deste 2013 pela EBPS (Assembleia de Deus em Belo Horizonte). Graduado em Teologia pela PUC Minas (2013), pós-graduação em Gestão de Pessoas pela PUC Minas (2015), especialista em Docência em Letras e Práticas Pedagógicas pela FACULESTE (2023) e Licenciatura em Letras Português-Inglês pela UNICV (2024). Membro da Assembleia de Deus desde a infância, conferencista e autor do livro didático: Curso de Teologia Vida com Propósito (2024).

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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