Daniel Ramos é professor de teologia deste 2013 pela EBPS (Assembleia de Deus em Belo Horizonte). Graduado em Teologia pela PUC Minas (2013), pós-graduação em Gestão de Pessoas pela PUC Minas (2015), especialista em Docência em Letras e
“Prefiro afrontar o mundo para agradar a nossa consciência do que agradar ao mundo para afrontar a nossa consciência” (disse um apresentador de TV).
Em um mundo que muitas vezes valoriza a concordância e a gentileza acima de tudo, a ideia de ser desagradável pode soar como um caminho direto para o conflito e a alienação. No entanto, existe uma nuance sutil em ser capaz de expressar discordância, estabelecer limites e até mesmo confrontar situações sem sacrificar a própria paz interior. A chave reside em como essa "desagradabilidade" é praticada: com intenção, clareza e um profundo respeito por si mesmo.
Ser desagradável não significa ser rude, mal-intencionado ou buscar o confronto por prazer. Pelo contrário, trata-se de uma forma de autoafirmação, de proteger os próprios limites e de se manter fiel aos próprios valores, mesmo que isso desagrade aos outros. Em certas situações, a tentativa constante de agradar a todos pode levar ao esgotamento, ao ressentimento e à perda da própria identidade. Os pilares da desagradabilidade pacífica:
Antes de qualquer coisa, é crucial saber o que é importante para você. Quais são seus limites? Quais valores você não está disposto a comprometer? Quando você tem clareza sobre suas próprias convicções, torna-se mais fácil comunicar suas necessidades e opiniões de forma assertiva, mesmo que isso não seja popular.
A diferença fundamental reside na forma de expressar a desagradabilidade. A agressividade ataca, culpa e desrespeita o outro. A assertividade, por outro lado, foca na expressão clara e direta dos seus sentimentos, necessidades e opiniões, sem violar os direitos dos outros. Em vez de dizer “Você sempre me interrompe, é um absurdo!”, uma abordagem assertiva seria “Eu gostaria de terminar meu raciocínio antes de você falar. Sinto que não estou sendo ouvido.”
Dizer “não” é uma habilidade essencial para manter a paz interior. Muitas vezes, a ansiedade de desagradar nos leva a aceitar compromissos e responsabilidades que não desejamos ou podemos arcar. Aprender a estabelecer limites claros e a comunicá-los de forma respeitosa é fundamental para proteger seu tempo, energia e bem-estar emocional.
Uma vez que você expressa sua desagradabilidade de forma assertiva, é importante estar preparado para a reação do outro. Nem sempre as pessoas receberão bem a sua discordância ou a imposição de limites. Aceitar que a outra pessoa pode ficar chateada, decepcionada ou até mesmo irritada é parte do processo. Sua responsabilidade termina na sua comunicação clara e respeitosa; a reação do outro é dele.
Nem todas as opiniões precisam ser expressas, e nem todas as batalhas precisam ser travadas. Discernir quais situações realmente importam para você e onde sua voz precisa ser ouvida é crucial. Desapegar da necessidade constante de aprovação alheia liberta você para agir de acordo com suas próprias convicções, mesmo que isso desagrade alguns.
Ser desagradável não significa ser insensível. É importante manter a capacidade de empatia, mas de forma seletiva. Entender a perspectiva do outro não significa necessariamente concordar com ela ou ceder aos seus desejos em detrimento dos seus próprios.
Os benefícios de ser desagradável com consciência: a) Maior Autenticidade: Permite que você viva de acordo com seus verdadeiros valores e sentimentos. b) Redução do Estresse: Evita o acúmulo de ressentimento e frustração por não expressar suas necessidades. c) Fortalecimento da Autoestima: Afirmar seus limites e opiniões constrói confiança em si mesmo. d) Relacionamentos Mais Genuínos: Embora possa gerar algum desconforto inicial, a honestidade e a clareza fortalecem os relacionamentos a longo prazo. e) Proteção da Paz Interior: Ao priorizar suas necessidades, você cultiva um estado de maior equilíbrio e bem-estar emocional.
Em suma, a arte de ser desagradável e continuar em paz reside em encontrar o equilíbrio entre a assertividade e o respeito. Não se trata de buscar o conflito, mas sim de se posicionar com clareza e firmeza no mundo, sem sacrificar a própria integridade e bem-estar emocional. Ao dominar essa arte delicada, você descobre que a verdadeira paz interior muitas vezes reside na coragem de ser autêntico, mesmo que isso, por vezes, desagrade aos outros.
1. A APROVAÇÃO NÃO É AMOR. Precisar de aprovação é uma forma de dívida emocional. Quando você depende da validação, entrega aos outros o poder de definir o seu valor. A verdadeira paz vem quando sua autoestima não depende de aplauso de ninguém. Pergunte a si mesmo: “Eu ainda escolheria isso se ninguém me aplaudisse?”
2. A POPULARIDADE NÃO É PODER. Ser amado é confortável. Ser respeitado constrói um legado. Se você só busca ser querido, nunca chegará à liderança. Não tema ser o “vilão” na história deles, se estiver sendo verdadeiro na sua. Prefiro ser respeitado por que sou do que ser amado por que não sou.
3. AS PESSOAS CERTAS NÃO EXIGEM PERFORMANCE. Você não precisa se diminuir para deixar os outros confortáveis. Quem realmente te entende, não precisa da sua mão suavizada. Quanto mais autêntico você se torna, mais perde as pessoas erradas e esse é o ponto. Pare de atuar. Comece a se preservar.
4. TRAIR A SI MESMO CUSTA CARO. Toda vez que você diz “sim” para agradar os outros, sussurra “não” para si. O preço de ser aceito não pode ser sua paz. Agradar todo mundo é o caminho mais rápido para se perder. Todas as manhãs, escreva um limite que você vai manter, não importa quem não goste.
5. SUA PAZ NÃO É SALA-DE-ESPERA PARA OPINIÕES ALHEIAS. Algumas pessoas sempre te verão como “vilão”, deixe que vejam. Você não precisa carregar a versão que os outros criaram da sua história. A paz começa no momento em que você para de perseguir uma imagem e começa a viver “sua” verdade (não confunda com “a” verdade). Nem tudo merece uma reação!
O mundo não precisa de mais pessoas que são queridas, ele precisa de mais pessoas que sejam verdadeiras. Você não precisa de aprovação, você precisa de alinhamento. Quando você dorme em paz com a “sua” verdade, já está vencendo.
Daniel Santos Ramos (@profdanielramos) é professor, possui Licenciatura em Letras Português-Inglês (UNICV, 2024) e bacharelado em Teologia (PUC MINAS, 2013). Pós-graduado em Docência em Letras e Práticas Pedagógicas (FACULESTE, 2023). Mestre em Teologia (FAJE, 2015). Atualmente é colunista do Portal Guia-me, professor de Língua Portuguesa no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Médio e de Língua Inglesa no Ensino Fundamental (ll) da SEE-MG, professor de Teologia no IETEB e professor de Português Instrumental do IE São Camilo. Escreveu dois livros, "Curso de Teologia: Vida com Propósito" (AMOB, 2023) e "Novo Curso de Teologia: Vida com Propósito (IETEB, 2025). Além de possuir mais de 20 anos de experiência na ministração da Palavra. É membro da Assembleia de Deus em Belo Horizonte (desde sempre), congrega no Templo Central.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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