As Escrituras Sagradas estão repletas de doutrinas bíblicas que enriquecem a nossa espiritualidade cristã. São elas que direcionam a nossa conduta de filhos de Deus de como fundamentar a nossa fé. O ensinamento doutrinário é o caminho para o amadurecimento da fé cristã. Sem ela, teremos uma fé superficial e seremos presa fácil das heresias que sempre tem rodeado a Igreja do Senhor Jesus.
A doutrina da eleição é um assunto bíblico rico que está relacionado a mecânica da salvação. Quando estudamos a eleição, encontramos dois posicionamentos teológicos que discutem o presente assunto que são os calvinistas e arminianos. Muitos julgam que é perda de tempo essa discussão porque esse tema “causa divisão entre a igreja” e Jesus Cristo deseja que apenas preguemos o evangelho. Mas o debate teológico é de suma importância, porque traz uma reflexão do posicionamento que nós defendemos e como outro pensa. Vale ressaltar que entre os evangélicos, a palavra “eleição” tem sido apresentada em algumas pregações e louvores de uma forma equivocada e ao mesmo irresponsável, que incentiva as pessoas a terem uma vida cristã fragmentada.
A Bíblia apresenta alguns tipos de eleição. Começaremos a tratar sobre a eleição da nação israelitas. Segundo o teólogo Walter C. Kaiser Jr., “Deus prometera Sua bênção [...] mas era Abraão o ponto focal de atenção: ele é quem seria uma grande nação, ele é quem teria um grande nome, e ele é quem seria abençoado por Deus e bendito por todos os homens” (KAISER, 2007. Página 91). A eleição de Israel se inicia com o chamamento de Abraão, que obedeceu a Deus (Gênesis 12: 1-5; Hebreus 11: 8-10). O desdobramento da linhagem abraamica, demonstra o propósito de Deus sobre a nação de Israel. O teólogo Wiersbe afirma que “esse chamado deveu-se totalmente à graça de Deus, e as bênçãos da aliança derivam-se completamente da bondade do Senhor. Deus prometeu dar Abraão (1) uma terra; (2) um grande nome; (3) uma grande nação; e (4) uma benção que se espalharia por todo mundo. Foi necessária muita fé por parte de Abraão para responder a essas promessas” (WIERSE, 2008. Página 40). A graça de Deus já se manifestava no processo do crescimento da nação israelita no Antigo Testamento. O Deus Soberano e Salvador sempre demonstrou interesse de salvar a humanidade decaída pelo pecado. O teólogo Ellisen afirma que “um descendente de Abraão viria abençoar todas as nações com a oferta da justificação pela fé (At 3:25; Gl 3:7-9)” (ELLISEN, 2007. Página 27). O propósito da eleição da nação de Israel era apresentar ao mundo o verdadeiro Deus, e na sua linha nasceria o Salvador do mundo. O historiador Schultz destaca que “a promessa de que seriam abençoadas todas as famílias da terra se desdobra em escopo mundial, quanto Mateus inicia seu relato sobre a vida de Jesus Cristo, ao declarar ser ele ‘filho de Abraão’” (SCHULTZ, 2001. Página 27). A revelação máxima de Deus para a humanidade foi a encarnação do Senhor Jesus Cristo, e a nação de Israel foi o instrumento para a redenção do mundo.
Continuaremos no próximo artigo!
Bibliografias
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento – Um guia com esboços e gráficos explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. Vida Acadêmica. 2007.
JR, Walter C. Kaiser. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo. Vida Nova. 2007.
SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo. Vida Nova. 2001.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Wiersbe Antigo Testamento – A Bíblia explicada de maneira clara e concisa. Santo André/SP. Geográfi ca Editora. 2008
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
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