O mundo da minha juventude e adolescência era bem mais fácil de transitar. Certo era certo, errado era errado, mentira era mentira, verdade era verdade, e quem tentasse afirmar o contrário enfrentaria desconfortos pela ridicularização e desaprovação da maioria.
Tudo mudou. As variáveis em praticamente todos os temas aumentaram tanto que ficou relativamente fácil para determinados grupos sufocar a verdade. É mais ou menos assim, enquanto tínhamos o certo e o errado era fácil decidir, porém agora temos muitas opções: quase certo, mais ou menos certo, certinho, talvez esteja certo, é certo dependendo do gosto de cada um, se não é errado só pode ser certo, é certo que nada é 100% certo, é errado achar que só o certo é certo, quem disse que isso é errado?, não é errado se te faz feliz, quem nunca errou?, é errando que se acerta, não estou bem certo disso, cada um tem o seu certo, ninguém está totalmente errado...
Andamos pisando em ovos. Todos os dias. E todos os dias quebramos muitos deles. Ovos são fáceis de quebrar, basta um passo em falso e... crek! O estrago está feito. Uma outra forma de entender o “pisar em ovos” é o chato “politicamente correto” que se instalou entre as relações sociais, tornando muitas destas relações, que deveriam ser apenas interações sociais, em confrontos judiciais.
Pra azar de todos a sorte está lançada. É um batalhão de gente disputando espaço diariamente pra conseguir oficializar sua narrativa, seu lugar de fala, sua versão, sua ideologia, enfim, o seu certo, a sua verdade. É neste contexto confuso e frágil que temos de nos posicionar, proclamar, anunciar o reino e testemunhar a fé que uma vez nos foi dada.
Tem um livro na Bíblia que trata com profundidade as questões existenciais. Praticamente todos os complexos temas que hoje enfrentamos como sociedade, estão expostos no texto. Fala das coisas da alma, do coração, da fé, do orgulho, da vaidade, da fragilidade, das tentações, das ansiedades, dos sonhos, das perspectivas, dos projetos, enfim, das coisas, dos valores e dos sentimentos que se entrelaçam e vão formando nosso caráter.
Este livro é o do sábio pregador, o Eclesiastes. No último capítulo, 12:13, depois de vários capítulos esquadrinhando os dilemas da alma, da espiritualidade, da vida, o pregador sintetiza tudo que escreveu numa conclusão assertiva e totalmente ao nosso alcance: “De tudo o que se ouviu, a conclusão é esta: Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, porque isto é o dever de cada pessoa.”
O recado é claro. Em meio a todas as confusões e complexidades espirituais e materiais, precisamos todos da segurança de uma âncora, de um porto seguro, de uma casa construída sobre a rocha. Esta solidez atende pelo nome de obediência. E obediência a imutável Palavra do Senhor. Bilhões ao redor do mundo já chegaram nesta conclusão quando se renderam a Cristo. Mas não é de graça a salvação? Sim, é. Pra você entender deixo um resumo bem simples de entender escrito por Tim Keller: Na religião eu obedeço pra ser aceito. No evangelho sou aceito, então obedeço.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
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