“Ah... O mar... Espécie de céu líquido, também sem fim”, Rachel de Queiroz. No último final de semana revivi emoções que sempre me invadem quando estou à beira mar. Desta vez, no entanto, foi diferente. Eu estava na areia, a poucos metros da água. De um lado uma moçada jogava seu descontraído e gostoso futebol. Do outro lado, banhistas, crianças, famílias curtiam a paisagem em suas cadeiras e esteiras. Logo atrás de mim, na água, alguns barcos ancoraram para ver o que iria começar.
E o que iria começar? Um casamento. No centro deste cenário foi montado um altar, um corredor, cadeiras de ambos os lados, convidados, céu divinamente azul, e eu ali, no altar, esperando o início de mais um casamento, para abençoar os sonhos de um garoto e uma garota que decidiram navegar juntos nessa espécie de céu líquido, o mar, que com suas águas sem fim que inspiram amores que precisam ser eternos.
Os grupos e cenários que narrei no primeiro parágrafo são, para mim, instrutivos, pois mostram a pluralidade da vida real, que podemos conviver e respeitar espaços. Mostram que podemos até torcer pela felicidade do próximo. Foi o que vi. O povo do futebol, das cadeiras e esteiras, dos barcos, a maioria parou pra assistir. De alguma forma, o pessoal dos barcos descobriu o nome do noivo e, num determinado momento da cerimônia começou a gritar sem parar o nome do noivo. Surpreendeu, emocionou, foi lindo.
Não importa se é casamento ou o quê, quando abro a Palavra eu prego. Tenha eu dez minutos ou uma hora, eu prego. Aqueles minutos naquela areia foram impactantes, vi pessoas de olhos arregalados e atentos, olhos cheios de lágrimas, olhos sorrindo, só não vi olhos indiferentes. O mar tem isso, impressiona, cativa, acolhe, acaricia, envolve, cria, nos leva a imaginar e sonhar. Olhei para os noivos e os convidei a navegar. Porque famílias, como os barcos, que estão seguros nos portos, também precisam arriscar e sair rumo ao mar aberto. E teremos águas calmas, assim como muitas águas nervosas. É o mar, é a vida.
Amyr Klink diz que “o mar não é um obstáculo: é um caminho”, e é um caminho que precisamos encarar a fim de descobrir novas terras, novos portos, novas histórias. Foi Spurgeon quem afirmou que “aqueles que mergulham no mar das aflições trazem pérolas raras para cima”, pérolas que chamo de amadurecimento espiritual, aprendizados que levaremos pra vida toda.
Foi numa praia, na terceira vez que Jesus apareceu para os seus discípulos, que Pedro, saiu do mar e foi até a areia encontrar-se com o Mestre. Tal encontro marcou para sempre a vida do apóstolo. Por três vezes Jesus lhe perguntou: “Pedro, você me ama?” Por três vezes Pedro respondeu que sim. Mais que enormes conhecimentos teóricos e acadêmicos, o que Jesus exigiu de Pedro e exige de cada um de nós é amor. Se tivermos amor verdadeiro por Ele, por sua igreja, pela missão, Ele irá junto com a gente pelos mares da vida, nos capacitando, nos formando, nos moldando para Sua glória.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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