Fui surpreendida na manhã de hoje, com a notícia de que a cantora Adele é a mais nova vítima do "cancelamento" promovido por alguns grupos radicais por meio das redes sociais. O motivo? Pelo simples fato de afirmar que sente orgulho de ser mulher! “Amo ser uma artista feminina”, disse ela ao receber uma estatueta do BRIT Awards 2022.
Por causa dessa óbvia declaração, Adele passou a ser acusada de "transfobia". Sim, pasmem... transfobia! Em outras palavras, nós mulheres não podemos mais nos sentir orgulhosas com a nossa própria natureza. Não temos mais o direito de vivenciar e ressaltar a nossa própria feminilidade?
Por mais que muitos ainda se espantem com o ativismo de gênero, confesso que para mim não é surpresa essa espécie de psicopatia coletiva, pois venho alertando sobre os objetivos e consequências disso há quase duas décadas. Se engana quem pensa, por exemplo, que o movimento LGBT+ quer apenas a conquista do respeito e maior visibilidade.
Na verdade, a luta do ativismo de gênero é pela desconstrução de tudo o que aponta para a natureza sexual humana, que por definição biológica é binária e heteronormativa. A ideologia de gênero, por outro lado, vai de encontro a tudo isso, justamente por ser apenas uma narrativa; um modo distorcido de enxergar e encarar a realidade.
Com isso, declarar o seu orgulho por ser feminina ou masculino chega a ser uma afronta para os ideólogos de gênero, pois isso significa o reconhecimento da sua própria condição biológica, que é herdada e imutável, incluindo o sexo. Na prática, é a valorização daquilo que somos por definição e não por determinismo ideológico.
O caso Adele é só mais um exemplo que nos serve de lição sobre o quanto o ativismo de gênero é agressivo, radical e intolerante. Quem milita nessa causa não prega a coexistência, mas sim a eliminação do contraditório, o que significa a própria existência de pessoas como eu ou você.
“Cancelar” o outro nas redes sociais, chegando ao cúmulo de lhe acusar de coisas absurdas e sem o menor sentido, é um passo que visa o sufocamento por completo de quem não compartilha dessa psicopatia coletiva. Se Adele retroceder, será ainda mais sufocada.
Justamente por isso não podemos recuar um só milímetro. Precisamos afirmar e reafirmar o que somos, sempre, pois essa é a verdade que nos define. Com isso, concluo dizendo que sou mulher e tenho orgulho de ser feminina. Sou mãe, esposa, profissional e, acima de tudo, filha de Deus. Nada, nem ninguém, vai mudar essa realidade.
Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
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