Em uma mudança de posicionamento inédita, o Brasil votou ao lado de Israel e dos Estados Unidos na Assembleia Geral da ONU, em uma resolução que pretendia condenar o Hamas por disparar mísseis contra Israel.
Embora a maioria dos países-membros da ONU tenha votado pela condenação do Hamas na quinta-feira (6), a medida não foi aprovada. Foram 87 votos a favor, 57 contra e 33 abstenções, mas a Assembleia Geral decidiu, momentos antes, que seriam necessários dois terços dos votos.
Mesmo com o resultado da votação, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, indicou que a mudança no voto brasileiro já era o resultado da visão do novo governo e do chanceler Ernesto Araújo.
“É a primeira vez que o Brasil vota a favor de Israel contra um grupo terrorista. Vitória! Parabéns ao Itamaraty pelo posicionamento, certamente tal fato colabora para o Brasil deixar de ser um anão diplomático”, escreveu Eduardo nas redes sociais, em referência a uma crítica que o governo israelense havia lançado contra o Brasil há poucos anos.
Nas últimas décadas, o Brasil mantinha posição favorável aos palestinos ou, em alguns casos, optava pela abstenção. A postura prevaleceu nos governos de José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.
Poucos dias antes, em 30 de novembro, o governo Temer se posicionou contra o Estado judeu nas Nações Unidas e votou a favor de seis resoluções anti-Israel. Em dezembro de 2017, o Brasil foi um dos 128 países que condenou a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Depois que Bolsonaro anunciou seus planos de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o Hamas emitiu um alerta ao governo brasileiro: “Rejeitamos a decisão do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, de mover a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém e pedimos que ele abandone sua decisão”, declarou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.