“Chegou o tempo de quebrantamento para os judeus”, diz hebraísta sobre o mês de Elul

Getúlio Cidade lembra que o último mês do ano judaico é conhecido pela Teshuvá — um período de quebrantamento e humilhação diante de Deus.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: terça-feira, 30 de agosto de 2022 às 16:17
Entre agosto e setembro, os judeus vivem o tempo da Teshuvá, no mês de Elul. (Foto: Unsplash/Anton Mislawsky)
Entre agosto e setembro, os judeus vivem o tempo da Teshuvá, no mês de Elul. (Foto: Unsplash/Anton Mislawsky)

O povo de Israel está chegando ao final de mais um ano. Para eles, o ano termina no dia 25 de setembro, quando darão as boas vindas ao ano de 5.783, conforme o calendário judaico.

Por isso, os judeus já se preparam para o Rosh Hashaná — o Ano Novo civil judaico. Então, neste mês de Elul, há algo de muito especial para eles.

Assim como os ocidentais entram no “clima natalino”, no mês de dezembro, os judeus se sentem diferentes no mês de Elul, porém, de uma forma muito mais espiritual. 

Segundo o hebraísta e escritor, Getúlio Cidade, em entrevista ao Guiame: “Este é um mês conhecido pela Teshuvá — um tempo de quebrantamento e humilhação diante de Deus”. 

‘Elul é um mês dedicado ao arrependimento’

Conforme o autor do livro “A Oliveira Natural”, no último mês do ano para os judeus, que é o mês de Elul, o shofar é tocado todos os dias, bem cedo, como uma forma de chamar as pessoas ao arrependimento. 

“Lembrando que o shofar representa a voz de Deus. É uma lembrança para nos dizer que precisamos nos arrepender, fazer Teshuvá — caminho de volta para Deus — mediante confissão de pecados. 

O hebraísta conta que há muitas orações feitas nos dias de Elul cujo conteúdo trata apenas de confissão de pecados. “São confissões específicas do que foi cometido, seguidas de pedidos de perdão divino. Isso requer também que se confessem pecados a pessoas afetadas negativamente por nós e se acerte o relacionamento com elas”, explicou.

“Caso contrário, não se pode acertar o relacionamento com Deus. Não podemos ter um bom relacionamento com Ele se não temos um bom relacionamento com as pessoas de nosso convívio”, continuou.

‘Sobre o relacionamento íntimo que devemos ter com o Senhor’

Getúlio explica que esse processo de arrependimento e perdão acontece todos os dias de Elul até Rosh Hashaná — data que marca o início de um novo ano civil no mundo judaico. 

“Os dias de Teshuvá continuam entre Rosh Hashaná e Yom Kippur e são conhecidos como os ‘Dez Dias de Temor’. Então, a temporada de Teshuvá dura 40 dias ao todo”, disse o hebraísta.

“Um aspecto interessante do mês de Elul está no nome. Em hebraico, Elul é אלול e forma um acróstico com as letras iniciais do verso de Cantares 6.3 — ‘Eu sou do meu amado e o meu amado é meu’. Por isso também é um mês especial, pois destaca o relacionamento íntimo que devemos ter com o Senhor. E não podemos desfrutar desse relacionamento se há pecado entre nós e Ele”, reforçou. 


Getúlio Cidade (Foto: Divulgação/LC Agência)

Impacto do mês de Elul e da Teshuvá para os cristãos 

O hebraísta explica que “estamos finalizando um ano de shemitá e iniciando um novo ciclo de sete anos”. 

Com isso, ele deixa claro que, historicamente, está comprovado que catástrofes de vários tipos, incluindo derrocada econômica, ocorrem nessa transição de um ciclo para outro, ou seja, nos primeiros meses do novo ciclo. 

“Então, como cristãos, precisamos orar pela nossa nação e pelo mundo”, alertou. Ele também explica que o mês de Elul e a temporada de Teshuvá são como uma janela que Deus estabeleceu para o povo judeu.

“Essa janela oferece a possibilidade de entrar no novo ano sem pendências, qualquer que seja, seja com Deus ou com o próximo”, disse ainda.

“Os cristãos como ramos enxertados na Oliveira Israel podem aproveitar essa temporada para fazer o mesmo. Lembremos que o calendário de Israel foi estabelecido por Deus, ao contrário do gregoriano que seguimos no Ocidente”, frisou.

‘Como cristãos, precisamos  fazer Teshuvá’

O hebraísta lembra também da necessidade da oração ao apontar para tudo o que está acontecendo no mundo.

“A economia do mundo todo está em crise. Há uma crise de alimentos e de energia se aproximando da Europa por conta das consequências da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia”, associou.

“Israel se encontra cada vez mais próximo de um conflito com o Irã, as tensões entre EUA e China estão cada vez piores, entre tantos outros conflitos”, continuou. 

“Precisamos orar para que tudo isso não venha piorar e nos atingir a partir desse novo ciclo que se inicia”, disse ao se referir aos próximos sete anos. 

“Tudo isso junto tem grande potencial destrutivo para o mundo. Como cristãos, sabendo do mistério que envolve a transição para um novo ciclo de shemitá, precisamos fazer Teshuvá por nosso país e pelo mundo, para que Deus tenha misericórdia de nós”, concluiu ao citar que ainda temos as eleições no Brasil que podem terminar com consequências imprevisíveis.

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