Enquanto muitos ainda se questionavam sobre o alcance das capacidades militares do Hamas, os terroristas planejavam a Operação “Tempestade Al-Aqsa” — o ataque a Israel que se transformou numa guerra, desde a manhã de sábado do dia 7 de outubro.
Quem está por trás disso? Os principais nomes do Hamas, frequentemente, aparecem mascarados na mídia. Depois das atrocidades vistas mundialmente, no entanto, muitas máscaras caíram.
Mohammed Deif
De acordo com a BBC News, Mohammed Deif faz parte do Hamas desde a sua fundação. Ele chegou a ser preso, em 1989, por autoridades israelenses.
Durante o tempo na prisão, Al-Deif se juntou a Zakaria Al-Shorbagy e Salah Shehadeh para criar um movimento separado do Hamas, com o objetivo de capturar soldados israelenses. Tratava-se das brigadas Izz al-Din al-Qassam.
Após a sua libertação, as brigadas al-Qassam surgiram como uma formação militar, e Deif foi um dos seus fundadores.
Ele também foi o engenheiro responsável por construir os túneis através dos quais os combatentes do Hamas se infiltraram em Israel a partir de Gaza e promoveu a estratégia de lançar um maior número de foguetes contra o território israelense.
As acusações mais graves contra ele incluem o planejamento e a supervisão de uma série de operações de vingança pelo assassinato de Yahya Ayyash — responsável no Hamas por produzir bombas, entre as quais aquelas alocadas em um ônibus e que mataram cerca de 50 israelenses no início de 1996.
Ele também é acusado de participar da captura e morte de três soldados israelenses em meados da década de 1990. Israel o prendeu em 2000, mas ele conseguiu escapar logo no início do que é conhecido como a “Segunda Intifada” e está foragido desde então.
Há três fotografias dele: uma é bem antiga, na segunda ele aparece mascarado e a terceira é uma imagem de sua sombra.
Em uma das tentativas dos soldados israelenses de matá-lo, Deif sobreviveu, mas perdeu um olho. Israel diz que ele também perdeu um pé e uma mão e tem dificuldade para falar por causa dos ataques sofridos.
Em 2014, durante a guerra iniciada por Israel na Faixa de Gaza, que durou mais de 50 dias, o exército israelense também não conseguiu matá-lo, mas matou a esposa dele e dois dos seus filhos. Sua capacidade de sobreviver lhe rendeu o apelido de “O Gato de 9 vidas”.
Seu principal apelido, porém, é “O Hóspede”, porque não fica no mesmo lugar mais de uma noite e todos os dias pernoita numa nova casa para escapar da perseguição israelense.
Ele também ficou conhecido com o apelido de “Abu Khaled”, por seu papel em uma peça chamada “O Palhaço”, na qual interpretou a figura histórica que viveu no período entre as dinastias Omíada e Abássida. Na Universidade Islâmica de Gaza, onde cursou biologia, ele gostava de atuar e tinha um grupo de teatro.
Marwan Issa
Conhecido como “O Homem das Sombras”, Marwan Issa é o braço direito de Mohamed Deif. Ele é o vice-comandante-chefe das brigadas al-Qassam e membro do gabinete político e militar do Hamas.
As forças israelenses o mantiveram preso por cinco anos durante a chamada “Primeira Intifada” devido à sua atividade nas fileiras do Hamas, grupo ao qual se juntou ainda jovem.
Israel o descreve como um homem de “ações, não de palavras” e assegura que ele é muito inteligente. O país considera que, enquanto ele estiver vivo, a “guerra de cérebros” com o Hamas continuará.
Issa se destacou como jogador de basquete e foi apelidado de “O Comando Palestino”. No entanto, ele não progrediu em sua carreira esportiva, pois Israel o prendeu em 1987, após acusá-lo de pertencer ao Hamas.
A Autoridade Palestina posteriormente o deteve em 1997 e só o libertou depois da eclosão do que é conhecido como a “Intifada Al-Aqsa”, em 2000. Após sua libertação, Issa desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento dos sistemas militares das brigadas Al-Qassam.
Yahya Sinwar
Nascido em 1962, Yahya Ibrahim Al-Sinwar é outro líder do Hamas e chefe do seu gabinete político na Faixa de Gaza. Ele fundou o serviço de segurança do Hamas conhecido como “Majd”, que cuida da segurança interna, incluindo interrogatórios de suspeitos de colaborar com Israel.
Yahya Ibrahim Al-Sinwar. (Foto: Wikipedia)
Esse órgão evoluiu para rastrear também os serviços de inteligência e segurança israelenses. Sinwar foi preso três vezes. A primeira, em 1982, quando as forças israelenses o mantiveram em detenção administrativa durante quatro meses.
Em sua terceira prisão, em 1988, Sinwar foi condenado a quatro penas de prisão perpétua. Enquanto estava na prisão, o tanque do soldado israelita Gilad Shalit foi alvo de um ataque de mísseis do Hamas, tornando-o refém.
Para libertar Shalit, Israel concordou com um acordo de troca de mais de 1.000 prisioneiros dos movimentos Fatah e Hamas, incluindo Yahya Sinwar, que foi solto em 2011.
Sinwar regressou então à sua posição de líder sênior do Hamas e membro de seu gabinete político. Em setembro de 2015, os Estados Unidos incluíram o nome dele na sua lista de “terroristas internacionais”. Em 13 de fevereiro de 2017, Yahya Sinwar foi eleito chefe do gabinete político do Hamas.
Abdullah Barghouti
Nascido no Kuwait, em 1972, Abdullah Ghaleb Al-Barghouti mudou-se para a Jordânia após a Guerra do Golfo, em 1990. Ele obteve a cidadania jordaniana e depois estudou engenharia eletrônica numa universidade sul-coreana por três anos, quando aprendeu a fabricar explosivos.
Ele não concluiu os estudos porque conseguiu uma permissão de entrada na Palestina. As pessoas ao redor dele desconheciam suas habilidades na fabricação de explosivos até que, um dia, ele levou seu primo Bilal Al-Barghouti a uma área remota na Cisjordânia e demonstrou suas habilidades, detonando uma pequena quantidade de material explosivo.
Depois disso, foi convidado para fazer parte das brigadas al-Qassam. Barghouti trabalhou na produção de artefatos explosivos, detonadores e substâncias tóxicas. Ele criou uma fábrica especial para produção militar em um armazém em sua cidade. O número total de mortos nas operações coordenadas e dirigidas por ele passa de 66 israelenses, além de 500 feridos.
Ele foi preso em 2003 pelas forças especiais israelenses e interrogado durante três meses consecutivos. Dezenas de familiares dos israelenses mortos compareceram ao julgamento dele, que recebeu a sentença mais longa da história do país.
Barghouti continua preso em Israel e foi apelidado de “O príncipe das Sombras” depois de escrever dentro da prisão um livro com esse título, no qual ele fala sobre a vida dele e os detalhes das operações que realizou ao lado de outros prisioneiros.
No livro, ele descreveu como contrabandeou explosivos através dos postos de controle militares israelenses e realizou operações de bombardeio remoto, com detalhes precisos.
Ismail Haniyeh
Ismail Haniyeh, também conhecido como “Abu Al-Abd”, já foi primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina. Ele nasceu num dos campos de refugiados palestinos.
Atualmente, é o chefe do gabinete político do Hamas. Antes, em 1989, Israel o prendeu por três anos. Depois, ele foi para o exílio com vários líderes do Hamas em Marj al-Zuhur, na fronteira entre o Líbano e a Palestina, onde passou um ano inteiro em 1992.
Ismail Haniyeh. (Foto: Wikipedia)
Depois desse ano no exílio, voltou a Gaza e, em 1997, foi nomeado chefe do gabinete do xeique Ahmed Yassin, o líder espiritual do Hamas, o que reforçou a posição dele no movimento islâmico.
Um ano depois de sua nomeação como primeiro-ministro, Haniyeh foi destituído do cargo pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. A saída do cargo ocorreu após as brigadas Al-Qassam tomarem controle da Faixa de Gaza, expulsando membros do grupo Fatah durante uma semana de violência que deixou muitos mortos.
Haniyeh classificou a destituição como “inconstitucional” e proclamou que o seu governo continuaria “cumprindo as suas responsabilidades nacionais para com o povo palestino”.
Desde então, Haniyeh defendeu a reconciliação com o movimento Fatah em diversas ocasiões e, em 6 de maio de 2017, foi eleito chefe do escritório político do Hamas.
Khaled Meshaal
Khaled Meshaal ou “Abu Al-Walid” nasceu na aldeia de Silwad, em 1956 e foi educado por lá antes da família migrar para o Kuwait, onde completou sua educação na escola primária e secundária.
Meshaal é considerado um dos fundadores do Hamas e é membro do gabinete político desde a sua criação. Ele foi nomeado líder após a morte do xeique Ahmed Yassin, em 2004.
Khaled Meshaal. (Foto: Wikipedia)
Em 1997, o Mossad israelense (Inteligência Nacional de Israel) que realiza operações especiais tentou assassiná-lo através de uma substância tóxica, mas as autoridades jordanianas descobriram e prenderam dois membros do Mossad envolvidos.
Khaled voltou à Faixa de Gaza em 7 de dezembro de 2012. Foi a sua primeira visita aos territórios palestinos desde que os deixou, aos 11 anos. Ele foi recebido por líderes palestinos e multidões a caminho da cidade de Gaza.
Em 6 de maio de 2017, o Conselho Shura do Hamas elegeu Ismail Haniyeh para sucedê-lo como chefe do seu gabinete político.
Mahmoud Al-Zahar
Filho de pai palestino e mãe egípcia, Mahmoud Al-Zahar nasceu em 1945 na cidade de Gaza e viveu os primeiros anos da infância na cidade de Ismailia, no Egito.
Ele teve sua educação primária, média e secundária em Gaza. Al-Zahar recebeu o diploma de bacharel em medicina geral pela Universidade Ain Shams, no Cairo, em 1971, e o título de mestre em cirurgia geral em 1976.
Mahmoud al-Zahar, um dos comandantes do grupo terrorista Hamas. (Captura de tela/YouTube Euronews).
Após se formar, ele trabalhou como médico em hospitais em Gaza e Khan Younis até que as autoridades israelenses o demitiram devido às suas posições políticas. Ele é considerado um dos líderes de maior destaque no Hamas e membro da liderança política do movimento.
Depois que o Hamas “venceu as eleições” de 2005, Al-Zahar serviu como ministro das Relações Exteriores no governo do primeiro-ministro Ismail Haniyeh — até que o então presidente Mahmoud Abbas anunciou a dissolução do governo.
Al-Zahar escreveu obras intelectuais, políticas e literárias, incluindo “O Problema da Nossa Sociedade Contemporânea — Um Estudo do Alcorão” e “Sem lugar sob o Sol”, em resposta ao livro “O discurso político islâmico, de Benjamin Netanyahu”.
O que os líderes do Hamas querem?
De acordo com as declarações divulgadas pela imprensa internacional, o grupo terrorista Hamas, através de seus líderes, prega a destruição de Israel e quer substituí-lo por um Estado islâmico.
Sabe-se que a criação de um Estado Palestino e a proteção do povo que vive na Faixa de Gaza são argumentos usados pelos líderes terroristas para desviar a atenção das pessoas para a realidade.
Porém, diante das atrocidades cometidas pelos soldados terroristas do Hamas contra os israelenses e a forma como usam os próprios palestinos como “escudo humano” deixaram claro para o mundo inteiro qual o real objetivo do grupo radical islâmico — causar medo e terror, destruir Israel e, conforme uma declaração recente de Mahmoud al-Zahar: “O objetivo é que o planeta inteiro esteja sob a lei islâmica”.