Israel recebeu os primeiros 181 imigrantes etíopes, após retomada da Operação Tzur Yisrael (Rocha de Israel), feita pelo governo, que permite a 3.000 judeus nascidos na Etiópia fazer a aliá nos próximos meses.
Ao chegar no Aeroporto Ben Gurion, na quarta-feira (08), o grupo foi recebido com uma cerimônia especial de boas-vindas. A emoção foi grande, já que muitos dos viajantes esperavam para se reunir com familiares que não viam há anos, até décadas.
A imigração para Israel de Adis Abeba tem sido esporádica desde 1991, quando Israel realizou uma ousada missão de resgate chamada Operação Salomão.
Na época, a enorme ponte aérea – com dezenas de aviões voando sem escalas por 36 horas da Etiópia a Israel – transportou mais de 14.000 judeus etíopes (incluindo 8 bebês nascidos no caminho) para Israel.
A ministra de Imigração e Absorção de Israel, Pnina Tamano-Shata, que é nativa da Etiópia, pressionou fortemente para que a imigração da nação africana começasse novamente. Israel declarou repetidamente que a imigração da Etiópia terminou durante as últimas décadas. Mas quando a guerra civil estourou novamente na região de Tigray, na Etiópia, o caminho para uma nova vida em Israel se abriu novamente.
Tamano-Shata acompanhou os novos imigrantes em seu voo para Israel na quarta-feira.
“Quando olho para essas crianças e seus pais, e ouço suas histórias, sua luta é minha luta – e deve ser a luta de todo Israel”, disse Tamano-Shata. “Só precisamos fazer a coisa certa.”
Apesar do futuro instável do atual governo, Tamano-Shata está trabalhando duro para concluir a Operação Tzur Yisrael e reunir todos aqueles que foram separados de seus entes queridos e trazer para casa outros que esperam para fazer aliá há anos.
“Tenho um acordo com [o ministro das Finanças Avigdor] Liberman que traremos todos aqueles com parentes de primeiro grau – ele encontrará o dinheiro, o orçamento”, disse o ministro. “De uma vez por todas, vamos encerrar a saga e trazer uma solução.”
Imigração desde 1990
Embora seja estimado que 40.000 judeus etíopes imigraram para a Terra Santa desde a década de 1990, também tem havido muita resistência dos setores mais conservadores de Israel – sobre se os judeus etíopes restantes ainda são realmente judeus.
Alguns são Falash Mura — judeus etíopes que se converteram ao cristianismo para escapar da perseguição por lá. Assim, além de aprender hebraico, os novos imigrantes – a maioria dos quais se consideram judeus – concordam em passar por um processo de conversão de 10 meses como condição para fazer aliá.
O voo de quarta-feira marca o primeiro retorno do que foi prometido em 3.000 “olim” (imigrantes) entre agora e novembro. A Operação Tzur Yisrael, que já havia trazido 2.000 etíopes para Israel, foi interrompida em março de 2021, quando uma ação foi movida pelo Centro de Políticas de Imigração de Israel, de direita, para bloquear mais imigração da Etiópia. Em março deste ano, o Supremo Tribunal rejeitou o processo, abrindo as portas novamente para aliá do país africano.
A chegada dos etípoes foi um começo, alguns defensores não ficaram satisfeitos com o progresso, especialmente à luz da onda de imigração em curso da Ucrânia.
“O governo de Israel ainda trata os judeus etíopes como judeus de segunda classe… se eles podem trazer mais de 20.000 pessoas da Ucrânia em um mês, certamente podem trazer metade disso da Etiópia”, disse Uri Perednik, presidente da Luta pela Aliá Etíope.
Alto custo
Fazer aliá para Israel não é gratuito nem barato. Agências e fundações judaicas privadas geralmente ajudam com as despesas do voo e toda a papelada, exames de saúde etc., necessários antes da chegada.
Assim que o imigrante chega, o governo entra em ação, pagando a conta da moradia por um tempo, aulas de idiomas e outros serviços que as pessoas precisam para se adaptar à vida em Israel.
No momento, US$ 170 milhões foram destinados para pagar a absorção dos 3.000 novos imigrantes etíopes esperados para novembro. Dado o aumento vertiginoso do custo da habitação em Israel, a maior parte desse orçamento será consumida pelo aluguel.
“A meu ver, a imigração é a parte mais fácil”, disse Avtamo Yosef, um etíope nativo que veio para Israel como parte da Operação Salomão. Ele agora chefia o departamento de imigração etíope da Agência Judaica. “A absorção é a parte complicada.”
A assimilação na cultura e na sociedade israelense como imigrante, especialmente para aqueles que chegam da Etiópia, é complicada. Mas as gerações nascidas em Israel encontram prosperidade.