Um missionário americano afirmou que ele, sua família e 11 líderes cristãos enfrentaram acusações de lavagem de dinheiro e crime organizado, na Nicarágua. Em uma entrevista recente, contou que o caso ocorreu após realizarem eventos evangelísticos no país.
Britt Hancock, fundador do ministério “Mountain Gateway”, negou as acusações e disse acreditar que a batalha legal é uma resposta direta ao grande número de nicaraguenses que participaram dos eventos evangelísticos da sua organização, em 2023.
“Em 2023, Mountain Gateway ajudou a organizar oito campanhas de evangelismo em massa. Começamos em fevereiro e tivemos o último em novembro. Mas um milhão de pessoas no total compareceram a essas reuniões”, disse ele à CBN News.
Hancock relatou que as prisões começaram um mês depois da reunião final, com o líder nacional, os coordenadores dos eventos e os pastores principais sendo todos detidos em dezembro.
A advogada da ADF, Kristina Hjelkrem, que representa a Mountain Gateway, informou à CBN News que os líderes presos são acusados de lavagem de dinheiro agravada.
“O governo não tem nenhuma prova nesse sentido. A Mountain Gateway tentou várias vezes provar a sua inocência e fornecer provas até este ponto ao tribunal, mas o governo cessou ou proibiu que essas provas chegassem aos autos do tribunal”, disse ela.
As possíveis sentenças de prisão são abrangentes, Hjelkrem destacou que variam de 12 a 15 anos com uma multa no valor de 80 milhões de dólares por pessoa – uma quantia que ela afirmou não ser comum no sistema judicial da Nicarágua.
Segundo a CBN News, Jacob, filho de Hancock, e sua nora Cassandra também enfrentam acusações.
A Mountain Gateway negou e repreendeu as acusações, observou que “seguiu diligentemente todos os requisitos legais nos EUA e na Nicarágua que se aplicam a organizações sem fins lucrativos e religiosas”.
Cristãos condenados pelo regime da Nicarágua (Fotos: ADF International e Mountain Gateway)
Intolerância religiosa
Para Hancock, o tamanho e o alcance dos sucessos evangelísticos foram o que atraiu a ira do governo, especialmente considerando o trabalho que tem feito na Nicarágua sem incidentes desde 2013.
De acordo com a CBN News, os eventos de avivamento tiveram tanto sucesso que viralizaram nas redes sociais e nos meios de comunicação em geral.
“Durante o ano, nos tornamos realmente a influência social dominante na Nicarágua, e eles não concordam com isso,na verdade, tira a ênfase deles e da sua narrativa”, disse Hancock sobre o governo.
E continuou: “Eles têm uma história, uma longa história de resposta muito dura contra coisas como essa, e por isso não tenho dúvidas de que essa é a razão”.
Enquanto Hancock e a sua família voltam em segurança aos EUA, as 11 pessoas detidas na Nicarágua enfrentam o que Hjelkrem disse ser uma “situação terrível”.
“Todos os líderes religiosos estão em prisões de segurança máxima”, afirmou a advogada.
“Eles não têm contato com a família nem com os advogados e não têm assistência médica. Estamos muito preocupados com o estado de saúde e de vida deles, integridade física, integridade mental”, concluiu ela.
A Nicarágua ficou em 30º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024 da Missão Portas Abertas dos lugares mais difíceis para ser cristão.