Embora o cenário provocado pelo ciclone Idai seja de destruição, os africanos sobreviventes não conseguem ter outro sentimento se não de gratidão a Deus.
“Eles estão muito gratos a Deus e cantam de coração. É genuíno. Eles não estão se lamentando, mas estão agradecendo a Deus pela vida”, disse em entrevista ao Guiame o pastor Elias Caetano, presidente da Missão Mãos Estendidas (MME), que atua nos países atingidos pelo ciclone.
O Idai chegou a Moçambique no dia 14 de março com ventos de mais de 170 km/h. As fortes chuvas prosseguiram também para o Malawi e Zimbábue.
De acordo com Elias, o ciclone estava sendo esperado pelos institutos de metereologia da cidade da Beira, a mais devastada pelo fenômeno. Embora o governo moçambicano tenha alertado a população, a maioria dos habitantes vivem nas zonas rurais, onde estão isolados de informação — sem energia elétrica e comunicação.
O último balanço estima que 686 pessoas morreram nos três países. Só em Moçambique, são mais de 460 mortos e 1,85 milhão de pessoas afetadas. Nesta quarta-feira (27), autoridades confirmaram o registro de cinco casos de cólera.
A cólera se espalha pela contaminação de água, comida ou por fezes. Surtos podem se desenvolver rapidamente durante crises humanitárias onde o saneamento se torna precário. A doença pode matar dentro de horas, caso não haja tratamento.
Na terça-feira (26), a MME enviou recursos para a compra de um gerador que irá possibilitar a filtração de água no Centro Infantil Ebenézer, que atende mais de 250 crianças na Beira. Até agora, está sendo usada água mineral para consumo e preparação de alimentos.
Crianças em necessidade
As crianças, em especial aquelas que estão em situação de orfandade,são um dos principais focos da MME. De acordo com a Unicef (sigla em inglês para Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas), elas foram grandemente afetadas pela catástrofe.
Mais de 869 mil pessoas foram afetadas no Malawi, dentre elas estão 443 mil crianças. No Zimbábue, foram mais de 270 mil pessoas afetadas — metade delas, crianças.
“A questão da orfandade é um problema na África e isso nos levou a trabalhar intensamente no processo infantil, dando apoio, comida e uma nova visão para essas crianças. Tivemos muita destruição nos locais onde atendemos as crianças. Nós ainda não temos como precisar com números, pois ainda não conseguimos fazer contato com todos”, informou Elias.
Apesar das dificuldades, o pastor Mouzinho Muchaia, coordenador do Centro Infantil Ebenézer e missionário da APEC (Aliança Pró Evangelização das Crianças), disse que o sentimento das pessoas é de gratidão.
“Há um espírito de gratidão”, destacou Elias. “Ele nos disse que tudo foi destruído, mas que eles estão louvando a Deus porque eles estão com vida”.
Além de suprir a escassez de alimentos, água, remédios e outros itens essenciais, a MME busca ajuda para a reconstrução das áreas afetadas pelo ciclone.
“Nós ainda não temos dados para precisar, mas a demanda é muito grande. É momento de repartir ainda mais. Eles precisam de ajuda não apenas para sobrevivência agora, mas também para a continuidade”, disse o pastor.
“As casas precisam ser reconstruídas. Aldeias inteiras desapareceram, algumas ainda estão debaixo d'água. Nessas aldeias, as construções são feitas de barro e palha. O governo não tem como dar resposta a todas essas necessidades, então precisa vir ajuda de fora”, observou Elias.
Saiba como ajudar
Para ajudar a Missão Mãos Estendidas a enviar ajuda humanitária para a África, envie sua doação para as contas bancárias abaixo: