A onda de violência no Sudão contra os cristãos aumentou consideravelmente, atingindo os trabalhos realizados pela Igreja no país. Conforme a Portas Abertas, a Igreja Evangélica Presbiteriana, na cidade de Wad Madani, foi incendiada pela segunda vez.
O primeiro ataque ocorreu em 27 de dezembro. “Os prejuízos causados à igreja são resultados da onda de violência gerada pelo fogo cruzado entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF, da sigla em inglês) e o grupo paramilitar Forças Rápidas de Suporte (RSF, da sigla em inglês) que começou em 15 de abril de 2023”, explicou a organização em seu site.
No dia 12 de janeiro, a mesma igreja foi incendiada novamente, por volta das 12 horas. O secretário-geral da igreja atacada, que fica no estado de Al-Jazira, disse em entrevista: “Fomos informados que os militantes deliberadamente incendiaram a igreja localizada em Wad Madani, causando grandes danos”.
Situação da igreja
Conforme a Portas Abertas, a sala de oração foi destruída, assim como o gabinete pastoral e a biblioteca da igreja, onde ficavam a escritura e os documentos importantes que registravam mais de 100 anos de história da congregação.
De acordo com contatos locais, como as Forças de Suporte Rápido estavam no controle do estado de Al-Jazira, desde 18 de dezembro, as notícias sobre o incêndio demoraram a ser divulgadas.
A igreja atacada tinha aproximadamente 1.500 membros, muitos deles eram deslocados internos que haviam fugido do conflito que tomou Cartum, a capital sudanesa.
Um representante do sínodo presbiteriano do Sudão disse: “Nós, os presbiterianos evangélicos do sínodo do Sudão, condenamos esse crime que teve como alvo os cristãos”.
“Denunciamos o incêndio e a depredação dos espaços de adoração. Expressamos nossa profunda preocupação quanto aos repetidos ataques aos cristãos no Sudão e aos discursos anticristãos em diversas plataformas. Essas situações geram grande repercussão na segurança”, ele acrescentou.
‘Aumenta número de cristãos deslocados’
“Esses incidentes aumentam a tensão para os cristãos na área e traz lembranças dolorosas da perseguição que enfrentaram durante 30 anos sob o ex-presidente Omar Al-Bashir”, disse o pastor Matar que responsabiliza a RSF.
Segundo ele, a violência incessante fez aumentar o número de cristãos deslocados internos. O Sudão é o 8° país mais perigoso para os cristãos da Lista Mundial da Perseguição 2024.
Na nação africana dividida pelo rio Nilo, quase um quinto da população vive abaixo da linha internacional de pobreza. O sistema legal sudanês é baseado na lei islâmica, logo a religião predominante é o islamismo. A perseguição aos cristãos é uma realidade e aqueles que abandonam o islã para seguir a Cristo enfrentam isolamento, discriminação e ataques.