Autoridades do Tajiquistão confiscaram e queimaram mais de 5 mil calendários impressos por uma Igreja Batista no país da Ásia Central, de acordo com um alto funcionário da Alfândega do país.
Rahmonali Rahimzoda, que lidera o departamento de fiscalização do serviço alfandegário, disse à rádio RFE/RL nesta quinta-feira (14) que os calendários foram confiscados no Aeroporto Internacional de Duchambé em dezembro e depois queimados.
Rahimzoda afirmou que os calendários continham “propaganda de uma religião alienígena”, referindo-se ao cristianismo.
“Após a conclusão de especialistas linguísticos no Ministério da Cultura, que encontraram elementos de propaganda de uma fé alienígena, os calendários foram confiscados", disse Rahimzoda. “Pode-se entrar livremente nesse grupo religioso, mas é ilegal trazer literatura religiosa para este país sem a aprovação especial do Ministério da Cultura”.
Representantes da Igrejas Batista do Tajiquistão disseram na quarta (13) que os calendários foram ilegalmente confiscados por citarem trechos do Novo Testamento. Eles também disseram que a igreja foi condenada a pagar uma multa de 4.000 somonis (equivalente a 1577 reais no câmbio atual).
Além disso, representantes revelaram que as autoridades confiscaram os calendários porque estavam em número maior do que os 200 batistas registrados no Tajiquistão.
Contexto
A lei do Tajiquistão sobre as religiões, adotada em 2009, dá prioridade à escola Hanafi do Islã, à qual aderem 90% da população. O país proíbe a propagação de outras crenças.
A Igreja Batista foi estabelecida no Tajiquistão em 1929 por cristãos que foram exilados da Rússia. Antes do colapso da União Soviética, em 1991, havia cerca de 800 batistas no país. A maioria deles deixou o Tadjiquistão durante a devastadora guerra civil do país entre 1992 e 1997.
Em 2004, criminosos desconhecidos mataram o pastor batista Sergei Bessarab em Duchambé, capital do país. Bessarab trabalhava na evangelização de muçulmanos tadjiques. Investigações apontaram extremistas islâmicos como culpados na época, mas nunca houve uma prisão.