Cerca de 800 cristãos fugiram de um bairro no Paquistão nesta semana, depois que uma violenta multidão de muçulmanos exigiu a morte de um jovem cristão acusado de “blasfêmia” contra o Islã.
Patras Masih, de 20 anos, foi acusado de publicar um conteúdo blasfemo contra o islamismo em sua página no Facebook. O conteúdo foi direcionado a um grupo na mídia social chamado PaglonKiBasti, composto por cristãos e muçulmanos.
De acordo com o relatório de acusação contra Masih, ele se recusou a excluir a postagem quando solicitado, provocando a ira dos moradores locais nesta segunda-feira (19). Eles formaram uma multidão que contou com mais de 3 mil pessoas, de acordo com a Associação Cristã Paquistanesa Britânica.
A multidão bloqueou as estradas e pediu para que Masih fosse enforcado publicamente por causa de sua suposta blasfêmia. Caso ele não fosse entregue às autoridades, os muçulmanos ameaçaram queimar as casas cristãs do bairro de Dhair, um subúrbio de Lahore, no Paquistão.
Diante das ameaças, 800 cristãos fugiram do bairro às pressas para buscar proteção com amigos e parentes. A polícia chegou na área juntamente com clérigos muçulmanos, para tentar acalmar as tensões. Por causa da pressão da comunidade, a família de Masih o entregou às autoridades.
“À noite, quando a multidão estava ficando fora de controle, fomos ao superintendente da polícia e entregamos Patras para eles. Desde então, não sabemos o que está acontecendo com ele”, disse tio do jovem, Arif, ao World Watch Monitor.
Masih foi acusado de blasfêmia de acordo com o Código Penal do Paquistão. O jovem está atualmente sob investigação, mas é esperado que ele seja preso.
Uma coletiva de imprensa foi realizada na noite desta terça-feira (20) entre líderes cristãos e muçulmanos na delegacia de Shahdara, pedindo que os cristãos que fugiram voltem para o bairro.
“A comunidade cristã garantiu que não irá interferir nas questões religiosas dos muçulmanos. E nenhum desses incidentes se repetirão. Os cristãos respeitarão a religião dos muçulmanos, os lugares sagrados e suas festas religiosas e os líderes ensinarão isso aos membros da comunidade”, disseram os líderes islâmicos.