A missionária Dulcinéia Cordeiro acredita que nenhuma vida está tão perdida que não possa ser alcançada pelo Senhor. Foi com esse pensamento que ela começou um ministério na cadeia pública feminina de Roraima, no ano passado.
“Existia a frase que bandido bom é bandido morto, mas eu digo que bandido bom é bandido salvo pelo sangue de Jesus”, declarou ela, em vídeo da Igreja Adventista Amazonas Roraima.
O início do ministério foi cheio de desafios, mas Dulcinéia foi guiada pelo Senhor. “Em Roraima me colocaram no setor das apenadas com mais de 200 anos de prisão e eu não entendia por que, quando cheguei para falar com elas eu travei, não sabia o que falar para aquelas mulheres condenadas a morrer naquele lugar”, relatou ela.
Jejum de 40 dias
“De repente eu ouvi a voz do Espírito Santo me dizendo: ‘Fala para elas jejuarem por 40 dias, para uma limpeza de dentro para fora, aqui tem casta de demônios”.
Antes mesmo da missionária começar o estudo bíblico com as detentas, Deus começou a trabalhar em seus corações.
Dulcinéia pregou à detentas com mais de 200 anos de prisão. (Foto: Reprodução/YouTube/Adventistas Amazonas Roraima).
“Quando eu voltei no sábado seguinte, mais de 20 mulheres estavam jejuando e eu vi as mãos de Deus naquele lugar”, disse Dulcinéia, emocionada.
Durante dois meses, a missionária compartilhou o Evangelho na prisão semanalmente, enfrentando desafios e lutas espirituais.
“Toda semana acontecia um problema novo, era o carro que quebrava, ou chovia bem na hora de sair de casa, eu adoecia, mas Deus me sustentava e assim eu conseguia chegar lá”, comentou.
Transformadas e libertas por Cristo
A Palavra de Deus pregada dentro da penitenciária começou a dar frutos e os funcionários da prisão testemunharam a transformação de muitas detentas.
“As internas que começam a estudar a Bíblia e serem acompanhadas pela missionária mudam significativamente de comportamento e isso nos ajuda muito a fazer o trabalho de ressocialização delas, que é nosso maior desafio”, afirmou Adriana de Paula, diretora do presídio feminino.
Após seis meses de evangelização, 26 mulheres entregaram sua vida a Cristo e foram batizadas, em 2022. Neste ano, mais 28 se renderam a Jesus e desceram às águas.
Elisabeth Silva, 45 anos, estava entre as batizadas. Condenada a 30 anos de prisão por tráfico de drogas, Elisabeth foi redimida ao conhecer as Boas Novas.
“Eu me vi só aqui, meus amigos que eu pensei que tinha, sumiram, a família que dizia que me amava, nunca veio me ver. Até meus filhos me abandonaram, foram momentos muito difíceis”, confessou.
Dulcinéia pregou à detentas com mais de 200 anos de prisão. (Foto: Reprodução/YouTube/Adventistas Amazonas Roraima).
E testemunhou: “O vazio que me matava todo dia, foi preenchido por Jesus, algo que eu não conhecia, hoje eu tenho paz, vivo aqui, mas sei que Deus está comigo e que cuida de mim”.
Lidiane Foo, de 40 anos, que ganhou as manchetes ao ser condenada a 380 anos de reclusão por liderar uma rede de exploração sexual de menores, também teve a vida transformada pelo Evangelho através da missionária Dulcinéia.
Arrependimento
A detenta disse que se arrependeu de seus pecados. “Eu não sabia que era crime o que eu fazia, eu fui criada assim, ainda criança fui estuprada e sempre foi levada para ter relações com homens mais velhos, então para mim, era normal, hoje sei que estava errada e me arrependo de tudo que fiz e do mal que causei às pessoas, e estou pagando por tudo que fiz", declarou ela.
Segundo Dulcinéia, Lidiane foi uma das últimas mulheres a se render a Jesus. “Ela era a mulher mais dura daqui, ela me olhava com raiva, mas Deus transformou o coração dela”, contou.
Durante seu batismo, a mulher chorou emocionada por encontrar liberdade em Cristo.
“Quando eu desci nas águas senti Jesus me abraçando, me perdoando e me dando uma nova vida. Agora vou me dedicar a Ele, quero pregar desse amor e ajudar as mulheres aqui dentro, porque sei que não vou sair daqui. Mas hoje eu sou livre, eu sou liberta, mesmo atrás desses muros”, comemorou Lidiane.