Muçulmanos protestam contra evangelistas por realizarem evento cristão na Indonésia

Extremistas islâmicos se opuseram ao evento cristão por considerá-lo uma “ameaça à segurança".

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025 às 15:11
Peter Youngren ministrando em um evento evangelístico. (Foto: Reprodução/Facebook/Peter Youngren)
Peter Youngren ministrando em um evento evangelístico. (Foto: Reprodução/Facebook/Peter Youngren)

Centenas de muçulmanos protestaram contra a presença de dois evangelistas que estavam na Indonésia para realizar um festival cristão em Sulewesi Central. Na ocasião, os extremistas pediram o cancelamento do evento.

Os protestos ocorreram nos dias 17 e 24 de janeiro. E no dia 29, os extremistas islâmicos voltaram às ruas na capital provincial de Palu para protestar contra a presença de Peter Youngren — fundador do World Impact Ministries, no Canadá — no “Friendship Festival” (“Festival da Amizade”).

Segundo o Morning Star News, o evento cristão foi promovido do dia 30 de janeiro a 2 de fevereiro, e contou com a participação do evangelista suíço Jacob Wendesten.

À princípio, o festival foi planejado como um evento inter-religioso, porém a revolta de grupos islâmicos obrigou as autoridades a limitá-lo ao público cristão.

Conforme o portal de notícias Antara, o coordenador da manifestação, Alif Veraldhi, acusou Peter de ser “intolerante” devido a um livro de cunho espiritual que o evangelista publicou sobre esforços para alcançar “vitória” em território “inimigo”. 

Já o evangelista Jacob, também foi considerado ofensivo por mencionar em um vídeo a existência de um pequeno grupo de radicais muçulmanos na cidade que se opôs ao evento.

A manifestação 

No dia 29 de janeiro, centenas de muçulmanos, principalmente da Aliança da Comunidade Islâmica (AUI) e do Fórum da Comunidade Muçulmana (FUI) de Sulawesi Central, protestaram em frente ao Aston Hotel, onde Peter e Jacob estavam hospedados em Palu. 

Os extremistas bloquearam o local do festival e pediram que o evento fosse cancelado. Na ocasião, o capítulo local do Conselho Ulema da Indonésia (MUI) e muçulmanos de outras organizações também censuraram o evento por motivos de segurança, assim como o chefe do MUI de Sulawesi Central e vários islâmicos do grupo Alkhairaat.

Em uma entrevista após o ocorrido, Peter contou: “Quero dizer àqueles que protestam contra mim, que não acho que eles sejam pessoas más. Tenho certeza de que eles fazem isso com sinceridade porque, com base em suas crenças, eles acham que é bom”. 

“Mas, também acho que eles não me conhecem. Acredito que eles me comparam aos pastores dos quais ouviram falar. Porque nunca considero uma religião melhor do que outra. Nunca! Liderei as mesmas atividades em todos os lugares do mundo. Não apenas aqui em Palu”, acrescentou.

Peter destacou que não se ofendeu e que um país livre deveria permitir que os cidadãos discordassem. 

Segundo o portal de notícias TVOnenews.com, o evangelista explicou que o evento tinha como objetivo compartilhar o amor de Deus com todos, sem discriminação, e enfatizou sua importância para a saúde mental, sucesso e paz.

“Levamos a mensagem do amor de Deus a todos, geralmente, essa mensagem traz experiências extraordinárias de cura. Não é apenas um testemunho de milagres, mas também sobre como o amor de Deus pode mudar a vida de alguém a longo prazo”, afirmou Peter.

O evento

O evento foi organizado pela Comunhão de Igrejas e Instituições Evangélicas (PGLI) de Sulawesi Central. Peter disse que decidiu prosseguir com a programação apesar dos protestos, porque o governo havia dado permissão:

“O governo tem autoridade. Não é minha autoridade decidir. Eu só vim para servir, e o governo permitiu”.

O governador de Sulawesi Central, Rusdy Mastura, explicou que o festival era especificamente para cristãos. Portanto, ele pediu ao público que preservasse a tolerância religiosa e a harmonia no local.

“Todos nós queremos manter a tolerância religiosa, então vamos trabalhar juntos. Não devemos ser levados pelas emoções, mas também devemos mostrar bons costumes”, disse Rusdy aos representantes dos manifestantes em frente ao Gabinete do Governador de Sulawesi Central na noite do dia 30 de janeiro.

Após os tumultos, a segurança do evento foi assegurada por 470 militares, incluindo policiais, agentes do Serviço de Transporte e da Unidade de Polícia do Serviço Civil.

De acordo com o Projeto Joshua, 11,43% da população da Indonésia se identifica como cristã, no entanto, aqueles que se consideram evangélicos representam 3,23%.

A missão Portas Abertas informou que a sociedade indonésia adotou um caráter islâmico mais conservador, e as igrejas envolvidas em atividades evangelísticas correm o risco de serem alvos de grupos extremistas islâmicos.

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