No último fim de semana, homens armados mataram pelo menos 100 civis em um distrito rural do norte de Burkina Faso, perto da fronteira com o Níger. Uma fonte local, porém, disse que esse número pode ser maior e que a contagem provisória era de 165.
Os criminosos atacaram somente os homens e pouparam mulheres e crianças do distrito de Seytenga, conforme informações da Reuters.
Embora nenhum grupo tenha reivindiado a responsabilidade, o ataque aconteceu em terras fronteiriças onde militantes ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico estão travando uma insurgência.
Cerca de 3 mil pessoas que fugiram por causa da violência chegaram a Dori, capital da região do Sahel, onde foram socorridas por agências de ajuda humanitária que atuavam no local.
Altos níveis de violência
O porta-voz do governo de Burkina Faso, Lionel Bilgo, disse que os soldados foram de casa em casa à procura de corpos e que até agora encontraram 50.
A violência ligada a insurgentes islâmicos matou milhares e deslocou milhões em Burkina Faso e nos vizinhos Mali e Níger, desde 2015.
Diante desse cenário, oficiais do exército que já estavam irados com a escalada de ataques decidiram derrubar o presidente de Burkina Faso, em janeiro, e prometeram melhorar a segurança. Os níveis de violência, porém, permaneceram altos.
5,1 milhões de cristãos vivem sob risco
Conforme a Portas Abertas dos EUA, as pessoas no norte e leste de Burkina Faso agora vivem sob o domínio cada vez mais perigoso de grupos islâmicos extremistas.
Illia Djadi, analista da Portas Abertas para Liberdade de Religião e Crença na África Subsaariana, relatou que o Estado está “ausente e que as forças de segurança têm grande dificuldade em recuperar o controle da área, deixando as pessoas desprotegidas e tendo que se defender sozinhas”.
Os cristãos — que representam 25% da população de Burkina Faso — são diretamente afetados pela violência que inclui sequestros e ataques. Não existe garantia de liberdade religiosa no país. Djadi compartilhou sobre um pastor que foi sequestrado de sua igreja durante um culto matinal.
O pastor que foi levado com seu carro ficou sob o domínio dos sequestradores por alguns dias. “Eles fizeram muitas perguntas e tentaram obrigá-lo a renunciar sua fé. O pastor recusou. No final, eles lhe disseram que o deixariam ir com a condição de que ele não misturasse homens e mulheres em sua igreja ou tocasse música”.
‘Orem pelos cristãos burquinenses’
Segundo o analista, muitas igrejas enfrentam intimidações semelhantes, sabendo que correm o risco de serem atacadas ou fechadas. Os fiéis vivem constantemente na insegurança.
Burkina Faso permaneceu em 32º lugar na Lista Mundial da Perseguição, onde a situação dos cristãos só piora a cada dia.
Pesquisadores destacam que os jihadistas estão expandindo suas áreas de controle, fechando cada vez mais igrejas e impedindo a prestação de serviços sociais fornecidos por organizações cristãs.
A Portas Abertas pede oração pelos burquinenses que decidiram seguir a Cristo para que permaneçam firmes em sua fé, principalmente aqueles que perderam seus entes queridos em ataques.