No dia 29 de janeiro, o Tribunal Econômico do Cairo considerou Marco Gerges culpado por “desprezar o Islã”, “explorar a religião na promoção de ideias extremistas” e “infringir os valores da vida familiar egípcia”.
O cristão copta foi condenado a cinco anos de prisão por blasfêmia, no Egito. As informações são da ONG Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais (EIPR, da sigla em inglês), que o representou durante o julgamento.
Tudo começou em junho de 2021, quando Gerges foi detido sob a suspeita de ter imagens de cunho sexual em seu aparelho celular, o que é tido como desrespeito à religião islâmica. Porém, os reais motivos e como aconteceu a detenção ainda não ficaram claros.
Lei de blasfêmia é usada para silenciar cristãos
De acordo com o EIPR, Gerges foi acusado de cometer crimes cibernéticos no Egito e por uso da religião para promover o pensamento extremista. Porém, o cristão copta e o advogado dele não tiveram oportunidade de defesa.
O EIPR é um dos poucos grupos de direitos humanos remanescentes no Egito, após o golpe militar que derrubou o presidente Mohamed Morsi.
De acordo com a Portas Abertas, a lei de blasfêmia é usada para criticar e desrespeitar outras crenças, silenciando as minorias religiosas do Egito.
Entre 2014 e 2018, as leis de blasfêmia tornaram o país “um dos piores ambientes para a aplicação de tais leis”, conforme um relatório da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional.
Desde o início de 2021, houve pelo menos três casos semelhantes ao de Gerges, nos quais os tribunais recorreram a “leis inconstitucionais e exageradas, como a blasfêmia ou a violação de valores familiares e sociais”, disse o EIPR.
Na Lista Mundial da Perseguição 2022, o Egito ocupa o 20º lugar e os incidentes contra cristãos podem variar desde mulheres sendo assediadas enquanto caminham nas ruas até comunidades cristãs expulsas de casa por multidões extremistas.
A Portas Abertas informou que durante o período de pesquisa e relatório da lista, que aconteceu até o dia 30 de setembro de 2021, pelo menos 8 cristãos foram mortos no país e mais de 50 foram atacados por causa da fé em Cristo.