Defensores da liberdade de religião estão alertando sobre a intensificação da perseguição global aos cristãos. A pandemia foi um fator que colaborou para isso, visto que a comunidade cristã tem sido culpada pelas contaminações em massa.
Cerca de 80% dos cristãos perseguidos vivem em países onde a atividade religiosa é restringida por seus governos. É o caso da China, onde o comunismo tenta erradicar o cristianismo a qualquer custo.
Tursurnay Ziyawudun é uma muçulmana uigur que conseguiu escapar de um campo de detenção do governo chinês. Sua dor é palpável. Ela e outras mulheres eram regularmente estupradas, submetidas a choques elétricos e humilhadas pelo “crime” de sua fé.
Ela disse ser grata por estar livre, mas não consegue parar de pensar que seu povo continua sofrendo. “Às vezes acho que seria melhor se eu estivesse de volta à pátria com eles, mesmo que isso significasse a morte”, relatou durante uma entrevista ao CBN News.
“O governo chinês não se envergonha do que faz”
“Estou tão chocada que o mundo está apenas sentado e assistindo. O governo chinês não tem absolutamente nenhuma vergonha disso”, disse ao se referir aos horrores que ela viu com os próprios olhos enquanto esteve presa na China.
O tipo de vigilância que o regime comunista chinês usa contra os uigures está sendo exportado e mais de 80 países estão adotando as mesmas práticas. A violência sexual tem sido cada vez mais usada como uma ferramenta para fazer com que as mulheres se convertam às religiões do Estado.
Optar pelo cristianismo, dependendo do país onde se vive, pode ser um risco à vida e a certeza de vigilância, hostilidade e perseguição. “Eles [autoridades] usam a tecnologia para monitorar quem está indo para a igreja e o que é dito durante o sermão”, disse Nury Turkel, um muçulmano americano-uigur que também foi vítima da perseguição chinesa. Atualmente, ele trabalha na Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional.
Apoio internacional
Na semana passada, pessoas de todo o mundo representando 30 tradições religiosas diferentes, se reuniram em Washington para a Cúpula Internacional de Liberdade Religiosa com o objetivo de encontrar soluções e também despertar a consciência pública e a força política para o movimento internacional de liberdade religiosa.
“A perseguição é muito difícil”, disse a sudanesa Meriam Ibrahim durante seu discurso na cúpula. Ela ganhou as manchetes quando se recusou a negar sua fé cristã, apesar de uma sentença de morte determinada pelo governo de seu país. “É uma escolha [o cristianismo], porque nós como cristãos, sabemos que nossa liberdade está em Jesus”, explicou.
Para o governo húngaro, ajudar os cristãos perseguidos é uma obrigação moral. Tristan Azbej, secretário de Estado húngaro para a Ajuda aos Cristãos Perseguidos, destacou que “os cristãos são o grupo religioso mais perseguido do mundo”.
Nos quatro anos em que Azbej administrou o Programa de Ajuda da Hungria, a nação apoiou 250 mil cristãos perseguidos no Oriente Médio, África e Ásia. O programa também colaborou na construção de 67 igrejas no Líbano e reconstruiu a cidade cristã de Telskuf, no Iraque, depois que foi dizimada pelo Estado Islâmico.
“Não importa sua motivação, os defensores da liberdade religiosa concordam que recebem muito mais do que dão. Eles têm uma mensagem para manter nossa identidade, para manter nossa fé em Cristo”, explicou Azbej. “A liberdade religiosa é realmente uma vitória para todas as pessoas. Os países que praticam a tolerância desfrutam de maior estabilidade e prosperidade”, concluiu.