Os Estados Unidos pediram a libertação de 30 líderes de uma das maiores redes de igrejas domésticas da China, detidos no último fim de semana em operações noturnas em várias cidades do país.
Entre os detidos estão diversos pastores e o fundador da Igreja Zion, Jin Mingri, que foi preso na madrugada do último sábado (11) após 10 policiais revistarem sua residência, segundo a organização ChinaAid.
O Partido Comunista Chinês (PCC) promove o ateísmo e controla rigidamente a prática religiosa, exigindo que os cristãos se filiem apenas a igrejas sancionadas pelo Estado e lideradas por pastores aprovados pelo governo.
Grupos cristãos descrevem a repressão atual como a maior contra a fé em décadas. Conforme a BBC News, ainda não está claro se os detidos foram formalmente acusados. Em comunicado, a Igreja Zion declarou:
"Essa perseguição sistemática não é apenas uma afronta à Igreja de Deus, mas também um desafio público à comunidade internacional".
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pediu a libertação dos líderes e afirmou que "essa repressão demonstra ainda mais como o PCC exerce hostilidade contra os cristãos que rejeitam a interferência do Partido em sua fé e optam por adorar em igrejas domésticas não registradas".
O ex-vice-presidente Mike Pence e o ex-secretário de Estado Mike Pompeo também emitiram declarações condenando as prisões.
‘Onda de perseguição’
Ao ser questionado sobre o caso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou não ter conhecimento das prisões e acrescentou: "O governo chinês rege os assuntos religiosos de acordo com a lei e protege a liberdade religiosa dos cidadãos e as atividades religiosas normais. Nos opomos firmemente à interferência dos EUA nos assuntos internos da China com as chamadas questões religiosas".
A repressão surge em meio a um período de tensões crescentes entre EUA e China, com tensões comerciais e dúvidas sobre a realização da cúpula entre o presidente Donald Trump e Xi Jinping, prevista para o final deste mês na Coreia do Sul.
O presidente da China também reprimiu ainda mais a liberdade religiosa em Pequim, especialmente contra cristãos e muçulmanos. No entanto, tem havido um movimento crescente de igrejas domésticas não registradas no país.
Entre elas está a Igreja Zion, que foi fundada por Jin Mingri em 2007 com 20 membros. Com o tempo, a congregação cresceu para aproximadamente 10 mil fiéis em 40 cidades, tornando-se uma das maiores redes de igrejas domésticas do país.
Em setembro de 2018, a igreja foi proibida pelo governo após resistir à instalação de câmeras de vigilância em sua sede em Pequim. Desde então, muitas de suas filiais foram investigadas e fechadas.
Enquanto isso, a família de Jin se mudou para os EUA por segurança, mas ele permaneceu na China pastoreando a igreja, impedido de deixar o país.
Segundo a ChinaAid, a operação de prisão é a “mais extensa e coordenada onda de perseguição” contra cristãos em mais de quatro décadas.
"Esta nova campanha nacional ecoa os dias mais sombrios da década de 1980, quando as igrejas urbanas ressurgiram da Revolução Cultural", afirmou o fundador da ChinaAid, Bob Fu, referindo-se ao período em que o regime comunista perseguiu líderes cristãos e eliminou qualquer movimento considerado uma ameaça ao Partido, provocando violência e caos em todo o país.
Esperança em meio à perseguição
Em carta pedindo orações, Liu Chunli, esposa de Jin, destacou que seu coração está “cheio de uma mistura de choque, tristeza, pesar, preocupação e raiva justificada”.
“Jin fez o que qualquer pastor fiel faria. Ele é inocente!", declarou ela, acrescentando que as esperanças da família de se reunir depois de estarem separados por mais de sete anos foram frustradas mais uma vez.
Pastores e congregações domésticas na China e nos EUA também têm pedido a libertação dos detidos. Sean Long, pastor da Igreja Zion nos EUA, informou que Jin estava preparado para uma repressão dessa escala.
Em uma chamada de vídeo recente, Long perguntou o que aconteceria se Jin fosse preso e todos os líderes da igreja fossem detidos. E Jin respondeu: "Aleluia! Pois uma nova onda de avivamento virá então!".
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