Famílias cristãs fogem para floresta após ter casas destruídas por aldeões hindus

O incidente ocorreu logo após duas cristãs prestarem queixa na polícia por assédio sexual.

Fonte: Guiame, com informações de Christian PostAtualizado: segunda-feira, 14 de junho de 2021 às 13:44
Cristãos fogem para floresta após terem suas casas destruídas por hindus. (Foto representativa/The Hindu)
Cristãos fogem para floresta após terem suas casas destruídas por hindus. (Foto representativa/The Hindu)

Dez famílias cristãs, no estado de Odisha, na Índia, estão vivendo numa floresta há semanas depois que suas casas foram destruídas por moradores locais. O motivo do ataque foi uma retaliação porque as mulheres registraram uma queixa policial com a alegação de assédio sexual, enquanto tiravam água de um poço público.

No momento, as famílias estão vivendo em condições precárias, sem água, nem luz, numa floresta que fica próxima da aldeia de Sikapai, no distrito de Rayagada.

Sobre os conflitos

A ONG Christian Solidarity Worldwide, com sede no Reino Unido, disse que as tensões começaram no dia 15 de maio, quando duas mulheres foram até um poço próximo em busca de água para preparar a comida. 

Conforme os relatos, os aldeões hindus se aproximaram das mulheres, rasgaram suas roupas, tocaram-nas de maneira inadequada e disseram que os cristãos não podiam usar aquele poço.

Os moradores também danificaram o tubo do poço para que as mulheres não tivessem acesso à água. Com ajuda de seus familiares, elas apresentaram queixa à polícia, mas não houve investigação. 

No dia 25 de maio, quando os agressores souberam das denúncias, destruíram os telhados de seis casas de cristãos e também espancaram alguns deles.

Na manhã seguinte, uma forte tempestade causou inundações na área,  e destruiu as casas danificadas. As famílias foram obrigadas a buscar abrigo na floresta, com lençóis de polietileno e madeira.

Situação dos cristãos indianos

O fundador e presidente da CSW, Mervyn Thomas, disse que seu grupo "está muito preocupado com o aumento dos crimes contra minorias na Índia e com a resposta inadequada das autoridades".

Em junho passado, um menino cristão de 14 anos foi linchado no vilarejo de Kenduguda, no distrito de Malkangiri, em Odisha, segundo relatos. O menino foi apedrejado até a morte por um grupo de pessoas não identificadas. 

Fontes locais disseram que seu corpo foi cortado em pedaços e seus restos mortais foram enterrados em vários lugares diferentes. O menino e sua família se converteram ao cristianismo três anos antes e foram atacados devido à conversão.

O número de cristãos na Índia é estimado em cerca de 2,3% da população. Os ataques contra a Igreja têm aumentado  desde que o partido nacionalista hindu, Bharatiya Janata Party (BJP), venceu as eleições nacionais de 2014.

Preconceito nacional

Um  relatório recente da Human Rights Watch alertou que "preconceitos embutidos no governo do BJP, liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, se infiltraram em instituições independentes, como na polícia e nos tribunais, "capacitando grupos nacionalistas a ameaçar, assediar e atacar minorias religiosas impunemente”.

No ano passado, a Índia  negou visto de entrada a representantes da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, que planejava investigar relatos de perseguição contra muçulmanos e cristãos após a divulgação de seu relatório recomendando ao Departamento de Estado dos EUA designar a Índia como um “País de Preocupação Particular. ”

Em uma declaração ao Christian Post, a Federação de Organizações Cristãs Índio-Americanas da América do Norte disse na época que estava “profundamente desapontada" com a situação. 

“O governo nacional permitiu que a violência contra as minorias continuasse, que suas casas de culto fossem destruídas e tolerou o discurso de ódio”, disse um representante da organização. 

“O governo indiano liderado pelo partido nacionalista hindu BJP continua a afirmar de forma tão conveniente que toda essa violência contra os cristãos na Índia são incidentes isolados e que não faz parte da política do governo”, finalizou.

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