“O último Dia das Mães que comemorei com minha querida mãe foi em 1991, embora, é claro, eu não soubesse disso na época. Agora nem consigo me lembrar do que aconteceu naquele dia. Se eu soubesse como era importante, teria me assegurado de não esquecer de nada”, compartilhou a missionária Jill McGilvray, que colabora em trabalhos pastorais para pessoas em situações de luto, na Austrália.
Ela também preside o Conselho Internacional de Parceiros Langham e por meio desse trabalho tem apoiado os líderes globais da igreja em seus ministérios. Jill conta como perdeu sua mãe e como superou a dor.
“Quando ela morreu, em março de 1992, minha mãe tinha 67 anos. Eu tinha 34 anos e era mãe de duas meninas de três e cinco anos. Minha mãe sofria de artrite reumatóide severa, que começou como uma dor no pulso quando ela estava grávida e que se agravou três anos depois, durante a gravidez de minha irmã”, lembrou.
Jill conta que sua mãe passou todos os anos com dores crônicas terríveis e foi submetida a várias cirurgias, incluindo a primeira substituição de cotovelo da Austrália, que falhou e, mais tarde, teve que ser removido, deixando-a com uma deficiência significativa.
Sobre a partida de sua mãe
“Eventualmente, seus órgãos falharam como resultado da medicação que foi usada na época e então precisou de uma cirurgia de emergência. Ela não recobrou a consciência após a cirurgia e, depois de uma semana em coma, contraiu septicemia e morreu”, relatou.
“Aprendi então que, mesmo quando você sabe que não há esperança de sobrevivência, sempre é um choque quando alguém que você ama morre. Fiquei assustada e horrorizada com a extensão da minha dor. Achei que nunca iria parar de chorar. Às vezes, até hoje, ainda perco o fôlego”, continuou.
“Depois disso, embora eu mesma estivesse encantada por ser mãe na época e adorasse pequenos cartões feitos à mão pelos meus próprios filhos, comecei a detestar seriamente o Dia das Mães”, contou.
De acordo com Kill, os anúncios alegres a faziam lembrar de alguém que ela não tinha mais, nem no Dia das Mães e nem em qualquer outro dia. “Cada propaganda desse dia só servia para partir meu coração”.
Dia das Mães e a pandemia
“Desde então, percebi que o Dia das Mães é cheio de dores para muita gente. É um dia em que o tipo de dor que é mantida sob controle em dias normais pode vir à tona. O Dia das Mães pode nos lembrar de muitas formas de perdas dolorosas. Neste ano de pandemia, muitos foram separados de suas mães”, observou.
Ela destaca, principalmente, o luto daqueles que não puderam se despedir de suas mães devido às restrições impostas pela Covid-19 e também cita o problema do fechamento de fronteiras internacionais.
Outros problemas que causam bastante dor para os filhos são a velhice extrema e o problema da demência das mães muito idosas. “Certa vez, um amigo disse que eu tinha sorte por minha mãe ter morrido jovem, assim eu nunca teria que passar por isso”, comentou.
E ainda lembrou de mães que são abusivas, sem amor ou ausentes. E das mães que perderam seus filhos precocemente.
A presença de Deus, apesar da dor
“Mesmo com todos esses pensamentos e em meio às minhas lágrimas, descobri que minha fé em Deus e meu amor pela Bíblia aumentaram. “Trabalhar com crianças enlutadas me ensinou que o Dia das Mães ou o Dia dos Pais é difícil para elas”, citou.
“Sempre me considerei uma pessoa de fé frágil e não tinha certeza se tinha forças para manter essa pequena fé viva. Eu nem entendia o que Paulo quis dizer com suas palavras em 2 Coríntios 12.9 — A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, vou me gabar ainda mais alegremente das minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse sobre mim. Agora a minha experiência me mostra a verdade do versículo”, apontou.
“Embora entender isso não me impeça de ficar triste ou sentir saudade da minha linda mãe, agora eu sei que existe uma base sólida e sei que Jesus traz esperança e luz para os lugares mais sombrios que há dentro de nós”, disse.
“Um querido amigo enviou-me um cartão com as palavras de Deuteronômio 33.27: ‘O Deus eterno é o teu refúgio e para segurá-lo estão os braços eternos’. Agarrei-me a essas palavras quando pensei que estava me afogando em lágrimas”, dividiu.
Jill conta que uma de suas amigas, cuja mãe só lhe causou dor, se sente consolada com as palavras de Isaías 49.15-16: “Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você! Veja, eu gravei você nas palmas das minhas mãos”.
Ao celebrarmos o Dia das Mães, não esqueçamos aqueles que nos rodeiam e que precisam de atenção especial e compreensão. Vamos ajudá-los a saber que são lembrados e vistos, e que Deus promete nos amar e nunca nos esquecer.