A charge do jornal francês 'Charlie Hebdo' que envolveu o garoto sírio Aylan Kurdi - que virou um símbolo da atual crise de refugiados - gerou grande polêmica entre leitores do mundo todo e recebeu duras críticas do próprio pai do garoto.
"Hoje eu estou mais triste do que quando o perdi", declarou Abdullah Kurdi.
Kurdi afirmou que a charge pode ser é comparável aos atos dos "terroristas e criminosos de guerra que assassinam pessoas inocentes ou as obrigam a deixar o próprio país".
A charge do jornal satírico francês foi assinada pelo cartunista Riss e mostra dois homens como se estivessem usando máscaras de animais (um de macaco e outro de porco), correndo atrás de mulheres.
A referência ao pequeno Aylan é feita em um tipo de legenda que acompanha o desenho e questiona: "No que teria se transformado o pequeno Aylan se ele tivesse crescido?".
O desenho faria referência aos recentes casos de agressões sexuais promovidas por cerca de mil homens árabes e norte-africanos contra 80 mulheres em uma mesma noite na cidade de Cologne, na Alemanha.
Apesar da grande polêmica, esta não foi a primeira vez que o jornal francês se referiu ao pequeno Aylan em uma de suas edições. Em setembro de 2015, logo após a morte de Aylan, a edição do mês expôs uma charge que mostrava o corpo do garoto estendido na praia e um outdoor do McDonald's que dizia: "Promoção: dois menus infantis pelo preço de um".
Já em outra charge, da mesma edição, são exibidos a figura de um homem que lembra Jesus Cristo com a legenda: "Os cristãos marcham sobre as águas". Ao lado, o garoto apenas com as pernas para fora do mar, responde: "As crianças muçulmanas afundam".
Aylan Kurdi, de apenas três anos, foi encontrado já sem vida em uma praia de Bodrum, na Turquia, após o barco em que estava com a família ter naufragado enquanto tentava chegar à Grécia.