Cristãos estão entre refugiados lançados ao mar pela Marinha Indiana

Após refugiados serem forçados a saltarem de navio apenas com coletes salva-vidas, ONU condenou o ato como violação dos direitos humanos.

Fonte: Guiame, com informações do Christian Daily e APAtualizado: segunda-feira, 19 de maio de 2025 às 12:36
Refugiados aguardam atendimento. (Foto ilustrativa: UNHCR/Roger Arnold)
Refugiados aguardam atendimento. (Foto ilustrativa: UNHCR/Roger Arnold)

Autoridades indianas teriam forçado 40 refugiados entre cristãos e Rohingya – grupo étnico muçulmano que vive no estado de Rakhine, em Mianmar (antiga Birmânia) – a saltar de um navio da marinha e nadar até Mianmar.

Segundo a AP, estima-se que os refugiados estavam detidos em Nova Déli, capital da Índia. A Marinha Indiana os teria lançado ao mar em 8 de maio, oferecendo apenas coletes salva-vidas.

O grupo incluía idosos, crianças e mulheres, que foram lançados ao mar perto da fronteira marítima entre Índia e Mianmar, conforme a AP, com base em relatos da ONU, parentes dos refugiados e um advogado.

Os refugiados conseguiram alcançar a costa de uma ilha em Mianmar, mas, segundo o Comissário da ONU para os Direitos Humanos, seu paradeiro no país em conflito permanece desconhecido, conforme comunicado da agência divulgado na quinta-feira (15).

Na sexta-feira (16), cinco refugiados Rohingya informaram à AP que seus familiares estavam entre os detidos pelas autoridades indianas em 6 de maio. Eles teriam sido levados a um porta-aviões, onde a tripulação da Marinha indiana os lançou ao mar. Segundo os parentes, o grupo incluía 15 cristãos.

Direitos humanos

O relator especial da ONU sobre direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews, classificou a ação da Índia como um "flagrante desrespeito às vidas e à segurança" daqueles que precisam de proteção internacional, considerando-a "nada menos que ultrajante", segundo a AP.

"Tais ações cruéis seriam uma afronta à dignidade humana e representariam uma grave violação do princípio de não devolução, um pilar fundamental do direito internacional que proíbe os Estados de retornarem indivíduos a um território onde enfrentam ameaças à sua vida ou liberdade", afirmou Andrews em um comunicado, segundo a AP.

O Comissário da ONU para os Direitos Humanos anunciou a nomeação de um perito da organização para investigar o que descreveu como "atos inaceitáveis e inconcebíveis".

"A agência da ONU pediu ao governo indiano que se abstenha de 'tratamentos desumanos e que colocam em risco a vida dos refugiados Rohingya, incluindo sua repatriação para condições perigosas em Mianmar'", relatou a AP.

O serviço de notícias citou Dilawar Hussain, advogado dos refugiados, que afirmou que as famílias apresentaram uma petição ao tribunal superior da Índia, solicitando que o governo viabilize seu retorno a Nova Déli. Segundo a AP, a Marinha e o Ministério das Relações Exteriores da Índia se recusaram a comentar o caso.

Segundo o CIA Factbook, a população de Mianmar é formada por 87,9% de budistas, 6,2% de cristãos, 4,3% de muçulmanos, 0,8% de animistas e 0,5% de hindus.

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