Um grupo pró-família que investiga o que a mídia oferece ao público infantil, analisando se é benéfico ou prejudicial, alegou que o popular programa da Netflix “Big Mouth” prepara crianças para o abuso sexual.
O grupo pediu às autoridades que investigassem o conteúdo da programação por potencialmente violar as leis de pornografia infantil. Em um relatório publicado na quarta-feira, o grupo PTC (Parents Television and Media Council), expressou preocupação com a série animada.
Embora seja destinada ao público adulto, os personagens são alunos do ensino médio passando pela puberdade e retrata crianças de 12 e 13 anos em situações sexuais, com engajamento no diálogo sexual.
O relatório apresenta capturas gráficas de tela e lista exemplos de “conteúdo sexualmente exploratório ou de exploração sexual envolvendo crianças” nos 10 episódios da quarta temporada do programa.
Cenas iminentes de sexo, violência e linguagem obscena
Segundo o relatório, entre as cenas inapropriadas de Big Mouth, cada minuto de programação apresenta em média “quatro cenas iminentes de sexo, violência e linguagem profana, indecente ou obscena”.
“A quarta temporada continha 17 ocorrências de nudez animada, a maioria apresentando os órgãos genitais de personagens menores de idade”, destacou além de citar as 190 referências sexuais ou insinuação sexual.
Segundo os analistas, praticamente todos os episódios apresentam uma infinidade de palavrões, incluindo linguagem sexualmente carregada. “Algo que o PTC nunca viu ou ouviu em qualquer programa de televisão em seus 26 anos de história”, declarou o presidente da PTC, Tim Winter.
Exploração infantil
“Ver crianças sendo usadas dessa forma para o entretenimento de adultos viola nossas sensibilidades, especialmente no momento em que há agressão sexual sendo denunciada em todo lugar do mundo”, comentou Winter.
O presidente da PTC relacionou também a exploração infantil com a finalidade de entretenimento e lucro financeiro, como está sendo feito no Big Mouth.
“É incompreensível que a Netflix hospede um programa onde sugere que uma criança seja segurada e um pênis seja introduzido de maneira forçada em sua boca”, protestou.
Ele cita também algumas cenas: “Uma criança se oferece para matar o próprio pai, um personagem sugere fazer sexo com seu próprio excremento e depois comê-lo. É isso e muito, muito mais o que está no Big Mouth da Netflix”, exclamou.
Qual o efeito sobre o público infantil?
Winter advertiu que o “impacto final” de um programa como Big Mouth é dessensibilizar crianças e adolescentes e ainda “apresentar crianças como sexualmente dispostas precocemente para os espectadores adultos”.
“Nenhum cenário assim deve ser considerado aceitável. Nenhum dos dois tem lugar em nossa sociedade”, disse o analista que continuou descrevendo o que considera absurdo no desenho animado.
“A representação da nudez frontal completa de meninos — alguns dos quais tinham ereções — é destinada a chocar, excitar e até agradar o observador. Esse material se enquadra perfeitamente na maioria das definições de pornografia”, argumentou.
“E, visto que mostra crianças, acreditamos que isso se qualifica como pornografia infantil”, ressaltou ainda.
O relatório pede às autoridades locais, estaduais e federais que “determinem se as leis contra pornografia infantil foram violadas”. Winter apelou ao serviço de streaming para “cessar sua prática de exploração sexual de crianças para entretenimento e lucro e remover Big Mouth de sua plataforma de distribuição”.
“Netflix promove pornografia infantil”
Em 2018, a Netflix fez parceria com o Facebook para distribuir um jogo para celular chamado “Hand Masters” baseado na série, que estava então em sua primeira temporada e que foi descrito como o “primeiro jogo de masturbação internacional”.
Conforme o Christian Post, o jogo recompensa os jogadores com base na capacidade de usar seu smartphone para simular a masturbação masculina por 20 segundos. O Parents Television and Media Council enquadrou “Hand Masters” da Netflix como impulsionador da “sexualização de crianças”.
Em uma entrevista anterior com o The Christian Post, a Diretora do Programa do PTC Melissa Henson observou que “eles usam um videoclipe para promover este jogo em particular onde há um grande monstro peludo [hormônio] que supostamente representa a libido dos meninos ou representava a puberdade como algo assustador e desconhecido que está ensinando este jovem a se masturbar. ”
“É muito perturbadora a forma como isso é feito”, disse a diretora Melissa Hensona, da PTC. “Eles estão encorajando os adultos a ver essas crianças como objetos sexuais ou estão incentivando as crianças a imitar o comportamento que estão vendo no desenho animado. Qualquer cenário é muito preocupante”, comentou.
O último relatório da PTC mostra também outros exemplos de programação da Netflix com conteúdo semelhante, como o Desire e o Sex Education. O Christian Post tentou entrar em contato com a Netflix para comentar sobre o relatório do PTC, mas até agora não obteve nenhuma resposta.