Em Malta, dois jornalistas independentes foram parar no tribunal por entrevistarem um ex-homossexual cristão. Antes da audiência, a dupla alerta sobre os ataques à liberdade de expressão no país europeu.
O editor Mario Camilleri e a jornalista Rita Bonnici do PMnews Malta receberam uma ordem de acusação depois de conduzir uma entrevista, no ano passado, com Matthew Grech, um cristão de 33 anos que compartilhou como deixou o estilo de vida gay por causa de sua fé.
Mario, Rita e Matthew enfrentam acusações de supostamente anunciar “terapia de conversão”. De acordo com a lei de Malta, isso viola o Artigo 3 da “Lei de Afirmação de Orientação Sexual, Gênero e Expressão de Gênero de Malta”.
Anunciar práticas de conversão, portanto, é “um ato ilegal” para qualquer pessoa e a ofensa à comunidade LGBT pode acarretar numa multa de 5 mil euros (equivalente a mais de 27 mil reais) ou até cinco meses de prisão.
Ataque à liberdade de expressão
Em nenhum momento, durante a entrevista, os jornalistas ou o entrevistado falaram sobre “terapia de conversão” e nem fizeram o convite aos telespectadores para que mudassem de orientação sexual, conforme o Fox News.
Eles falaram sobre a forma como enxergam a homossexualidade e que não acreditam se tratar de uma identidade, e sim de uma prática incompatível com a fé cristã.
“Acho que fomos visados porque acreditamos na liberdade de expressão e liberdade de escolha acima de tudo. Mas parece que eles estão tentando fazer o que estão fazendo para manter nossa boca calada”, disse a jornalista.
Mario também esclareceu que além das reclamações anônimas sobre a entrevista com Matthew, que os levaram ao tribunal, o PMnews Malta também enfrentou repressão no Facebook.
“A imprensa maltesa está em silêncio sobre o caso, mas está confiante de que eles vencerão. Vamos lutar a todo custo até nossa última gota de sangue, pois tudo isso vai contra o direito fundamental de expressão”, disse o jornalista.
Matthew Grech. (Foto: Captura de tela/YouTube Core Issues Trust)
‘Mídia comprada pelo poder’
Outro jornalista maltês, Rodolfo Ragonesi, que também é pesquisador, disse: “Nos últimos anos, houve resistência à liberdade de expressão nessas ilhas e na Europa em geral”.
“Infelizmente, embora a imprensa livre deva estar lá basicamente para manter o poder sob controle, isso não está acontecendo”, continuou.
Rodolfo observou a dificuldade que os meios de comunicação em todo o mundo estão enfrentando com o poder da Big Tech. Ele explica que muitos comunicadores estão se unindo às forças do Estado por meio de subsídios do governo.
“Em vez de agir como defensores [da liberdade de expressão] e em vez de falar a verdade ao poder, eles estão cedendo ao poder”, alertou.
‘É um absurdo’
“Esta agência de notícias é uma das poucas que realmente está abrindo caminho para garantir um pouco de liberdade”, disse ao defender a PMnews Malta.
Rodolfo, que também é advogado, acredita que a liberdade de expressão na Europa nunca esteve tão ameaçada: “E isso é motivo de grande preocupação”.
Sobre os jornalistas que sofreram censura por entrevistar um ex-gay cristão ele disse: “Acho que é uma novidade para Malta que uma agência de notícias esteja sendo arrastada para o tribunal porque organizou um programa sobre esse assunto. É um absurdo”, ele concluiu.