Uma lei iraquiana que obriga filhos de cristãos convertidos a serem legalmente reconhecido como muçulmanos, conduzirá à extinção do cristianismo, segundo o bispo Dom Rabban al-Qas.
O líder católico da área de Dohuk do Curdistão iraquiano, se manifestou contra a rejeição do parlamento iraquiano de uma emenda a uma lei que obriga as crianças que têm um pai convertido ao cristianismo, sejam consideradas automaticamente muçulmanas desde o nascimento.
O Bispo afirma que a lei é discrimintória contra os cristãos e outras minorias religiosas, não dando à criança a possibilidade de eventualmente escolher sobre sua própria fé. A mudança de filiação religiosa de uma pessoa pode ser uma tarefa difícil, considerando as acusações de apostasia - uma ofensa grave sob a lei islâmica - geralmente são arremessadas sobre alguém se converte do islamismo para outra religião.
Legisladores cristãos propuseram uma alteração à lei que teria dado às crianças a capacidade de escolher sua filiação religiosa, uma vez que estas atinjam a idade de 18 anos, o que as impede de automaticamente serem rotuladas como muçulmanas, contra a sua vontade.
Embora a medida tenha recebido o apoio de membros de um número de partidos políticos e grupos religiosos, acabou não sendo aprovada em votação. Apenas 51 membros votaram a favor da alteração, enquanto 137 membros votaram contra.
Al-Qas conversou recentemente com a Asia News e explicou que a falha do parlamento em alterar a lei "terá sérias repercussões no Curdistão", que ainda não foi afetado pela legislação.
"Antes era possível mudar de religião com a idade de 18 anos", explicou al-Qas. "Agora é ilegal. Esta é uma decisão séria por parte do governo em Bagdá por trás da qual se encontram grupos fanáticos e extremistas, que formaram grupos de todos os esforços para garantir que o Parlamento rejeitasse a alteração".
Com a ascensão da organização terrorista Estado Islâmico, que tem expulsado centenas de milhares de cristãos iraquianos e outras minorias religiosas de suas casas e do país, o bispo al-Qas sente que a lei que impõe o islamismo sobre filhos de convertidos a outras religiões promove ainda mais a ideia que os não-muçulmanos não são bem-vindos no Iraque.
"Estamos diante de um genocídio em um país que conhece apenas a morte e as leis que cerceiam a liberdade", afirmou al-Qas, acrescentando que "não há liberdade, nem respeito no Iraque".
Al-Qas, que, juntamente com os seus sacerdotes, fornece apoio humanitário aos refugiados cristãos de Mosul que foram expulsos de suas casas pelo EI, acrescentou que a lei só incentiva os cristãos remanescentes para deixar o país. Ele disse que a lei vai acelerar o processo de extinção do cristianismo da região bíblica.
"Não é apenas um projeto político. Existem também vestígios de um islamismo que quer eliminar as minorias religiosas. Uma fé que o impede de voltar ou mudar se você é muçulmano. A mentalidade não tem nada de humano", afirmou al-Qas. "Eles têm invadido casas e propriedades de cristãos e agora eles também querem dominar a sua força de vontade, esperança, liberdade de religião e liberdade de escolha para o futuro".