
No último domingo (7), um médico foi detido no Sudão após autoridades descobrirem que ele era cristão. O homem só foi solto no dia 10 de dezembro, após três dias de interrogatórios, isolamento e pressão de familiares.
A prisão ocorreu quando Yagoub Jibril Glademeahavia ido ao cartório de registro civil estadual, em Ad-Damazin, para solicitar um número de identificação nacional para sua sobrinha.
Durante o atendimento, um agente muçulmano das chamadas Células de Segurança do Estado — unidades compostas por militares, policiais e agentes de inteligência acusados de prisões arbitrárias, tortura e desaparecimentos forçados — percebeu a indicação religiosa em seus documentos e o questionou sobre sua fé.
Ao afirmar que sempre foi cristão, Glademea foi levado para interrogatório. A Célula de Segurança manteve o médico detido por três dias, sem permitir visitas da família.
“O irmão dele foi lá na quarta-feira (10), mas não o deixaram vê-lo”, disse um amigo que não quis ser identificado ao Morningstar News.
‘Obrigado pelas orações’
As Células de Segurança do Estado foram criadas em vários estados e têm amplos poderes de prisão em meio ao conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF). Elas são frequentemente acusadas de visar pessoas consideradas suspeitas de colaborar com a RSF.
Segundo a organização Advogados de Emergência, essas unidades se tornaram instrumentos de “repressão e intimidação”, com relatos de presos libertados em condições de saúde debilitadas, julgados sem garantias legais ou encontrados mortos.
Glademea contou às autoridades que havia trabalhado anteriormente no estado do Nilo Azul, antes de se mudar para a Arábia Saudita. Após atuar como médico no país árabe, retornou ao Sudão no mês passado para passar o Natal com a família.
No Facebook, ele confirmou sua detenção e libertação. Além disso, explicou que, ao retornar do cartório de registro civil, foi questionado sobre sua identidade e histórico.
“Meus queridos irmãos e irmãs, obrigado pelo apoio e orações por mim. Graças a Deus fui liberado pela administração da célula. Tenho a certeza de que estou seguro em corpo, mente e espírito. Deus abençoe seu trabalho de amor”, compartilhou ele.
Aumento da perseguição no Sudão
A situação para cristãos no Sudão piorou desde o início da guerra civil entre a RSF e as Forças Armadas Sudanesas em abril de 2023.
O país registrou aumento de assassinatos, violência sexual e ataques a residências e comércios cristãos, segundo o relatório Lista Mundial da Perseguição 2025, da missão Portas Abertas, no qual o Sudão aparece em 5º lugar entre as nações mais perigosas para os cristãos no mundo.
“Cristãos de todas as origens estão presos no caos, sem poder fugir. Igrejas são bombardeadas, saqueadas e ocupadas pelos grupos em guerra”, informou o relatório.
Ambas as forças — RSF e SAF — têm raízes islamistas e já atacaram cristãos deslocados, acusando-os de apoiar o lado rival.
O Sudão é majoritariamente muçulmano (93%). Apenas 2,3% da população é cristã, de acordo com dados do Projeto Joshua.
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