Um evento com a presença do cientista Richard Dawkins foi cancelado pela estação de rádio KPFA em Berkeley, na Califórnia, que o acusou de promover um “discurso de ódio” contra os muçulmanos.
Biólogo evolucionista, etólogo e um dos principais nomes do ateísmo no mundo, Dawkins faria uma palestra com o tema “Uma Breve Vela na Escuridão” em agosto. No entanto, a KPFA informou nesta quinta-feira (27) que o evento seria cancelado porque ele “ofendeu e feriu” a comunidade muçulmana com seus “comentários abusivos” contra o Islã.
Em resposta, Dawkins questionou por quê as críticas ao cristianismo não surtem o mesmo efeito. “Eu sou conhecido como um crítico do cristianismo e nunca foi desligado por isso”, ele escreveu numa carta aberta em seu site. “Por que vocês dão um passe livre ao islamismo? Por que é bom criticar o cristianismo, mas não o islamismo?”
Na justificativa do cancelamento, a KPFA disse ter sido contactada por ativistas que descreveram Dawkins como “islamofóbico” e citou tweets do cientista, incluindo um que dizia: "Eu acho que o Islã é a maior força do mal no mundo de hoje”.
A rádio também se referiu a um recente artigo publicado no jornal britânico Telegraph, em que Dawkins disse que “se você olhar para o impacto real que as diferentes religiões têm no mundo é bastante evidente que, atualmente, a religião mais má do mundo é o Islã”.
No entanto, Dawkins se explicou: “Eu critiquei a terrível misoginia e a homofobia do Islã, critiquei o assassinato de apóstatas por nenhum crime além da descrença. Longe de atacar os muçulmanos. Eu entendo que os próprios muçulmanos são as principais vítimas das crueldades opressivas do islamismo, especialmente as mulheres muçulmanas”.
Apesar de sua oposição a todas as religiões, Dawkins questiona por que os meios liberais tratam o cristianismo com hostilidade e se recusam a criticar o Islã. “A esquerda regressiva se torna traiçoeira, ignorando a misoginia e a homofobia, porque pensam que o Islã deve ser respeitado ‘como uma raça’”, escreveu ele em 2015.
No ano passado, ele criticou a mídia por afirmar que os ataques islâmicos que mataram 70 cristãos paquistaneses no domingo de Páscoa, em Lahore, não tinham motivações religiosas.
Na época, ele fez um breve comentário sobre a tragédia no Twitter, citando a justificativa dos perpetradores do ataque: “Nós realizamos esse ataque para atingir os cristãos que estavam comemorando Páscoa. Nada a ver com a religião, então”, ironizou.