Guerras e rumores de guerra são um sinal do fim dos tempos na medida em que aumentam as “dores de parto”. Foi assim que Jesus especificou aos discípulos quando questionado sobre “qual seria o sinal de sua volta e do fim dos tempos” (Mt 24.3).
Em 2023, há várias guerras em curso, entre elas a mais atual — Israel e Hamas — além de Rússia e Ucrânia, Azerbaijão e Armênia, entre outras.
Mas os rumores de guerra também chamam a atenção. China já revelou seus planos para anexar Taiwan. E Venezuela disse que vai fazer referendo para anexação da Guiana, que é o terceiro menor estado soberano da América do Sul continental, depois do Uruguai e do Suriname.
O governo da Guiana pediu, na última segunda-feira (30), a intervenção imediata da CIJ (Corte Internacional de Justiça). O primeiro-ministro, Mark Anthony Phillips, mostrou evidências de que Maduro está concentrando tropas e construindo um aeroporto militar na fronteira entre os países.
Ditadura e tentativa de anexação
Segundo o Gazeta do Povo, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou no dia 20 de outubro que um referendo sobre uma tentativa de anexação da região do Essequibo, localizada na vizinha Guiana, será realizado em 3 de dezembro.
No documento diz que a população venezuelana será questionada se concorda com a “defesa do território em disputa com a Guiana”.
“É uma iniciativa de justiça, de impor àqueles que são os direitos inalienáveis que a República da Venezuela tem sobre o território da Guiana Essequiba. Ninguém duvida que os limites da Venezuela foram estabelecidos e devem ser respeitados muito antes da flagrante tentativa de roubo perpetrada em 1899 com uma decisão arbitral vicada”, disse Rodríguez.
Lembrando que a Assembleia Nacional da Venezuela é controlada pela ditadura de Nicolás Maduro.
Disputa por terras
A discussão a respeito da soberania sobre uma região de mais de 160 mil quilômetros quadrados a oeste do rio Essequibo, cerca de 70% do território da Guiana, começou no século XIX.
Caracas argumenta que a área faz parte do seu território porque, durante o período colonial, ela integrou a capitania geral da Venezuela.
Após o domínio espanhol, a região foi administrada pelos holandeses a partir de 1648 (bem antes, portanto, da Venezuela declarar independência da Espanha, o que ocorreu em 1811) e pelo Reino Unido a partir de 1814.
Em 1899, uma sentença arbitral em um tribunal de Paris conferia a soberania sobre uma região ao Império Britânico. Em 1962, a Venezuela entrou com um processo nas Nações Unidas para contestar a decisão de 1899.
Em 1966, ano em que a Guiana obteve sua independência do Reino Unido, foi assinado o Acordo de Genebra, que determinava o controle da área pelos guianenses, mas admitiu a contestação da Venezuela. A disputa deveria ter sido resolvida em quatro anos, mas isso não aconteceu, conforme lembra o Gazeta do Povo.
As negociações não avançaram nas décadas seguintes e a disputa chegou a ser arquivada durante o governo de Hugo Chávez (1999-2013), mas a Venezuela voltou a apresentar uma demanda depois que a empresa americana ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo no mar territorial guianense, em 2015.
A Revista Oeste resumiu as intenções de Nicolás Maduro: “Um dos interesses da Venezuela em ‘roubar’ o território do país vizinho se deve ao potencial petrolífero que existe em Essequibo.